Se dependesse das atitudes dos atuais gestores da Repar, o Código de Ética sofreria uma profunda reforma e é bem provável que a máxima contraditória do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” passaria a constar no texto, talvez até em lugar de destaque.
Durante as greves contra a redução de postos de trabalho, foi bastante comum os operadores ouvirem dos gestores que eles não precisariam cumprir normas e rotinas, como o PDA (Personal Digital Assistant), porque são gerentes ou supervisores.
A insolente afirmação, típica de quem sofre da síndrome do pequeno poder, voltou à tona recentemente. Gerentes, inclusive alguns barbudos, exigem de suas equipes as barbas feitas, menos as deles. Normativas ultimamente só atingem o chão de fábrica na Repar. Ainda que contradiga o Código de Ética da Petrobrás, chefes andam com imunidade sobre normas, sistema de consequências, código de conduta, programa contra a corrupção e toda e qualquer obrigação, seja coletiva ou individual. “Devemos tratar os diferentes de forma diferente”, bradou um gerente setorial na refinaria.
A Fundacentro, maior centro de pesquisa da America Latina na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), elaborou o estudo “Programa de Proteção Respiratória – Recomendações, seleções e uso de respiradores” no qual esclarece que “eventualmente, bigodes e costeletas podem ser compatíveis com um bom ajuste facial, desde que não interfiram na selagem e no funcionamento das válvulas do respirador”.
Fabricantes de máscaras não garantem a vedação completa, uma manobra para evitar possíveis ações jurídicas. Por isso, recomendam aos usuários que estejam sem pelos faciais que possam prejudicar a vedação. Também recomendam o uso da máscara adequada ao formato do rosto, ou seja, em alguns casos mesmo com a ausência de barba a vedação pode ficar comprometida por conta da máscara ser incompatível com o formato do rosto. Por isso a necessidade de realizar o teste de vedação, a fim de determinar qual máscara se encaixa melhor à face da pessoa. O teste de vedação deveria ser realizado com barba, bigode e costeleta. Apenas se identificada a não vedação, o trabalhador deveria ser orientado a remover seus pelos faciais de forma a selar a máscara.
Ocorre que na prática as máscaras de fuga espalhadas na área industrial da Repar são de formato padrão. O mesmo acontece nos caminhões da brigada de incêndio. Portanto, percebe-se que o real motivo de a empresa exigir a ausência da barba não é o zelo pela segurança dos trabalhadores. Está mais para uma nova forma que os gerentes encontraram para acirrar os ânimos dentro de uma ambiência já bastante ruim.
Diante de tal exigência, o mínimo que a empresa deveria fazer é fornecer o kit de barbear para todos e o ato ser realizado no início do turno, já que o estudo de proteção respiratória recomenda barba de 08 horas. O fornecimento de máscara individual compatível com o rosto de cada trabalhador e a realização do teste de vedação também são imprescindíveis.
Por ora, todos que se sentirem assediados com a determinação devem fazer denúncias aos canais próprios da empresa e procurar o Sindicato.
Fonte: Sindipetro-PR/SC