Por 23 votos a 14, a comissão especial da Câmara dos Deputados que discute a PEC 287, de “reforma” da Previdência, aprovou ontem à noite o parecer do relator, Arthur Maia (PPS-BA). Os únicos partidos que se posicionaram contra foram PT, PCdoB, Psol, Rede, PDT, SD, PHS, Pros e PSB. O texto agora irá a votação em plenário. Mas, após a greve geral, o governo já reconheceu que não tem os 308 votos necessários para aprovar a reforma. A hora é de aumentar a pressão sobre os parlamentes e denunciar quem votou a favor da reforma.
O relator manteve a idade mínima de 65 anos para obter a aposentadoria, no caso dos homens, e reduziu a das mulheres para 62 anos. O tempo mínimo de contribuição seria de 25 anos. Quem se aposentar receberá 70% do valor integral e terá acréscimo para cada ano trabalho, além dos 25 anos.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o resultado da votação na comissão não significa nada, já que o governo só precisava de 19 votos para ganhar. “Mas no plenário são 308 e o governo não tem estes votos.” Segundo a parlamentar, a greve geral da última sexta-feira pressionou ainda mais os deputados da base do governo. Com 23 a 14, a votação da PEC da Previdência em comissão especial foi mais apertada para o governo do que a trabalhista há duas semanas, quando os governistas venceram por 27 votos a 10.
“Prefiro a solução da CNBB, da OAB e de 80% do povo: manter a Previdência e cobrar dos mais ricos”, disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Marcus Pestana (PSDB-MG), aliado histórico do senador Aécio Neves (PSDB) em Minas Geais, reafirmou que seu partido vai votar a favor do relatório, mas ainda quer negociar questões como a aposentadoria por invalidez.
Antes de anunciar a posição do partido, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), presidente da Força Sindical, disse que “não pode o governo imaginar que vai tirar o país da crise nas costas dos trabalhadores”.
Maia Filho (PP-PI) reconheceu a impopularidade da PEC 287. “Temos recebido uma pressão tremenda nos nossos estados. Não vou dizer que o povo brasileiro é a favor da reforma da Previdência”, disse. Mas “de forma tranquila, com convicção”, votou a favor da proposta. “Mesmo com as pesquisas e pressão, queria dizer uma frase de Rui Barbosa: ‘a todos os elogios do mundo, prefiro os elogios da minha consciência’”.
“Estamos vendo um verdadeiro desfile de cara de pau para iludir o povo brasileiro”, discursou o deputado Bebeto (PSB-BA). “Esse projeto tem um viés, é para beneficiar a banca, para beneficiar banqueiros. É isso que o governo não tem coragem de dizer”, acrescentou, ao anunciar a posição do PSB, que já fechou questão contra as reformas da Previdência e trabalhista.
Como votaram os deputados da comissão especial
A favor
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Carlos Marun (PMDB-MS)
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Darcísio Perondi (PMDB-RS)
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Lelo Coimbra (PMDB-ES)
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Mauro Pereira (PMDB-RS)
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Adail Carneiro (PP-CE)
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Julio Lopes (PP-RJ)
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Maia Filho (PP-PI)
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Carlos Melles (DEM-MG)
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Pauderney Avelino (DEM-AM)
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Junior Marreca (PEN-MA)
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Vinicius Carvalho (PRB-SP)
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Prof VictorioGalli (PSC-MT)
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Alexandre Baldy (PTN-GO)
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Aelton Freitas (PR-MG)
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Bilac Pinto (PR-MG)
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Magda Mofatto (PR-GO)
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Reinhold Stephanes (PSD-PR)
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Thiago Peixoto (PSD-GO)
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Giuseppe Vecci (PSDB-GO)
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Marcus Pestana (PSDB-MG)
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Ricardo Tripoli (PSDB-SP)
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Arthur O. Maia (PPS-BA)
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Evandro Gussi (PV-SP)
Contra
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Givaldo Carimbão (PHS-AL)
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Arnaldo Faria Sá (PTB-SP)
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Paulo Pereira (SD-SP)
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Arlindo Chinaglia (PT-SP)
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Assis Carvalho (PT-PI)
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José Mentor (PT-SP)
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Pepe Vargas (PT-RS)
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Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
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Eros Biondini (Pros-MG)
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Bebeto (PSB-BA)
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Heitor Schuch (PSB-RS)
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Assis do Couto (PDT-PR)
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Ivan Valente (Psol-SP)
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Alessandro Molon (Rede-RJ)