É inadmissível e muito preocupante o fato de uma petrolífera multinacional interferir em um evento acadêmico de uma universidade pública para proibir a palestra de um petroleiro, por discordar de seus posicionamentos contra o desmonte da Petrobrás. Esse fato alarmante foi protagonizado pela Shell nesta sexta-feira, 07, na Universidade Federal do Espírito Santo, durante o 8º PetroUfes, evento organizado por professores e alunos do curso de Engenharia de Petróleo.
O economista e petroleiro aposentado, Cláudio da Costa Oliveira, a convite do Sindipetro-ES, uma das entidades apoiadoras do evento, faria a palestra de encerramento, com uma análise financeira da Petrobrás. Sua participação, no entanto, foi suspensa em cima da hora. A explicação que os organizadores do PetroUfes deram foi que a Shell, principal patrocinadora, do simpósio, teria se manifestado contrária aos posicionamentos políticos dos palestrantes indicados pelo sindicato.
Na quinta-feira, 06, os petroleiros Felipe Homero e Wallace Ouverney, diretores do Sindipetro-ES, haviam participado de uma mesa redonda, onde debateram com os estudantes e acadêmicos a importância do Pré-sal e da Política de conteúdo local na Indústria de Petróleo. “De acordo com a organização do PetroUfes, a Shell discordou do ponto de vista e do conteúdo da palestra”, informou o sindicato, explicando que os petroleiros criticaram duramente o desmonte da Petrobrás e a entrega do petróleo brasileiro.
O economista Cláudio da Costa Oliveira, que é um crítico contundente da gestão de Pedro Parente e do governo Temer, vem se posicionando publicamente contra o plano de desinvestimento da Petrobrás. “Era de se esperar que ele, com sua vasta experiência, denunciaria a maquiagem feita nas contas da Petrobrás para justificar o desmonte feito pelo atual presidente Pedro Parente, com a venda de ativos e a entrega da companhia para o capital estrangeiro”, declarou o sindicato, em nota divulgada nesta sexta, repudiando a interferência da Shell em um evento acadêmico.
“Entendemos que isso se chama repressão, ditadura e censura. O que não imaginávamos é que isso aconteceria dentro do campus de uma universidade federal, local onde se preza a democracia e a livre expressão de opiniões e ideias. Reafirmamos nossa disposição de continuar lutando contra o desmonte da Petrobrás, para que ela se torne uma empresa 100% nacional”, destaca a nota do Sindipetro-ES.
A FUP se solidariza com o sindicato e com o petroleiro Cláudio da Costa Oliveira, que foram desrespeitados e censurados por terem posições políticas contrárias aos interesses da Shell. É inadmissível que uma universidade pública permita uma interferência dessa gravidade em um espaço acadêmico, que é referência no debate de políticas e pesquisas para o setor de óleo e gás. Tão ou mais absurdo é o fato da censura ter sido em função de posicionamentos em defesa da Petrobrás e do Pré-Sal, patrimônios da nação brasileira que estão intrinsecamente ligados à economia do Espírito Santo.
Tudo isso só reforça as denúncias da FUP e de seus sindicatos sobre os riscos que representa para a soberania nacional e para o desenvolvimento do país termos no comando na nação um governo atrelado às petrolíferas estrangeiras, que foram parceiras do golpe, e, como tal, vêm exercendo sua influência para se apropriarem do Pré-Sal e dos ativos da Petrobrás.
Federação Única dos Petroleiros (fotos Guilherme Ferreira/PetroUfes)