Em São Paulo, atingidos realizam audiência pública na Assembléia Legislativa para reivindicar a recuperação e desenvolvimento de suas comunidades
Todo dia 14 de março é marcado por mobilizações ao redor do mundo. Isso ocorre devido à instauração, em 1991, do Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida. Neste ano não será diferente: integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) projetam atividades em 19 estados brasileiros.
Em São Paulo, atingidos de diversas regiões se reúnem na capital para a realização de uma audiência pública. O evento ocorrerá nesta terça-feira (14), às 18 horas, no Auditório Antônio Vilella da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, com o objetivo de debater a recuperação e o desenvolvimento das comunidades atingidas, além da questão energética. A audiência contará com a participação de deputados estaduais e federais, além de outras organizações populares.
Segundo levantamento do MAB, São Paulo é um dos maiores produtores de energia elétrica no país e também o maior consumidor. No balanço geral, o estado passa a ser um importador de energia, já que sua produção não é suficiente para atender o consumo atual.
Outra característica do estado é que a quase totalidade dos grandes rios no estado já estão barrados por empreendimentos hidrelétricos, que atualmente se encontram nas mãos das grandes empresas multinacionais como a Duke Energia e a AES, ambas dos Estados Unidos. Apesar disso, os projetos futuros no estado indicam 700 novos barramentos, com empreendimentos de pequeno e médio porte.
Rios privatizados
O MAB afirma que toda a energia gerada e consumida no estado de São Paulo tem servido principalmente para que as grandes empresas enviem para fora do país praticamente todo o lucro que auferem. “O povo de São Paulo paga caro pela energia dos seus rios e todo o dinheiro é remetido para os Estados Unidos e Europa na forma de remessa de lucros”, afirma a integrante da coordenação do MAB no estado, Liciane Andrioli.
A militante ainda indica que, nesta conjuntura internacional, propriedade dos rios e da energia de São Paulo possivelmente será transferida para as empresas da China.
O que tem sobrado nas mãos dos governos de estado e dos municípios é parte da compensação financeira pelo alagamento das terras dos atingidos por barragens, que segundo os dados da Agência Nacional de Energia totalizaram mais de 100 milhões de reais em 2016, apenas em São Paulo. “Nem estes recursos que o governo do estado de São Paulo arrecada são devolvidos para os atingidos”, explica Liciane.
Para informar os deputados e entidades sobre a questão energética em São Paulo e apresentar a pauta de reivindicações dos atingidos por barragens é que se realizará a audiência pública na Assembléia Legislativa Estadual, neste dia 14 de março.
VIA MAB