A segurança nas plataformas continua falha, desde 2015 já foram mais de 15 mortos no sistema Petrobrás, sendo 13 apenas no Espírito Santo
Em 11 de fevereiro de 2015, o Brasil inteiro voltou suas atenções para a região de Aracruz, onde ocorreu a explosão na plataforma FPSO Cidade de São Mateus, o maior acidente nos últimos 15 anos. A tragédia matou nove trabalhadores, deixou 26 feridos e outros 39 traumatizados, mas até hoje não resultou em punição para a BW Offshore, empresa responsável pela Plataforma, e nem pra nenhum Gestor da Petrobrás, que negligenciaram a fiscalização da plataforma afetada.
Além da impunidade, a empresa ainda demonstra descaso com os trabalhadores. Após dois anos desde o acidente nem todas as famílias foram indenizadas e ainda aguardam uma proposta. Segundo informações dos familiares das vítimas ao Sindipetro-ES, poucas famílias receberam a indenização e mesmo após solicitado pelo Sindipetro-ES a BW e a Petrobrás não divulgam esse número. Quanto ao apoio psicológico, as sessões duraram apenas alguns meses para gerarem um laudo.
A empresa BW Offshore, dona da plataforma, para se livrar das responsabilidades com as vítimas impôs no ano passado, um Plano de Demissão Voluntária, que obrigou os trabalhadores que aderirem a abdicarem de ações contra a empresa. Muitos trabalhadores que aceitaram essa proposta já se arrependeram, pois ainda continuam desempregados ou em estado de choque pelo trauma causado pela tragédia, e vários deles só aceitaram o PDV pois segundo eles a Empresa assediou os trabalhadores dizendo que ou pegavam o dinheiro ou seriam demitidos sem nada, e poderiam recorrer na Justiça após anos de luta.
Segundo investigação da Policia Civil e Federal, a empresa sabia da possibilidade de um acidente. Um relatório da ANP (Agencia Nacional do Petróleo) divulgado em dezembro passado afirma que tanto a BW quanto a Petrobrás cometeram falhas gerenciais, relacionadas a segurança, que resultaram no acidente. No dia do acidente, 11 de fevereiro de 2015, três equipes foram enviadas a casa de bombas apesar de o comando do navio estar ciente de um vazamento de material inflamável.
A tragédia revela a bomba-relógio à qual os trabalhadores do ramo de petróleo e gás estão expostos. As medidas de segurança para evitar novos acidentes semelhantes também não foram tomadas. Muitas plataformas continuam sendo operadas por empresas estrangeiras. Essa prática, a de terceirização das atividades fins da Petrobras, precariza as relações de trabalho e expõe os trabalhadores ao perigo. Os petroleiros terceirizados sofrem assédio moral e, muitas vezes, são obrigados a desempenhar múltiplas funções, além de sofrerem retaliações quando se negam a fazer algo por questão de Segurança.
Os trabalhadores demonstram preocupação com a sua segurança porque acidentes continuam acontecendo. A única medida tomada pela Petrobrás foi aumentar de 1 para 2 os fiscais em cada plataforma afretada. De acordo com dados da FUP (Federação Única dos Petroleiros), desde o acidente em São Mateus em 2015, já foram mais de 15 mortes em acidentes de trabalho.
No Espírito Santo, além das 9 vitimas da FPSO Cidade de São Mateus, houve mais quatro mortos, sendo 2 na explosão da caldeira da BRD, no TEVIT (dentro da VALE) e outras 2 na Transpetro no Terminal de Barra do Riacho (TABR). No sistema Petrobrás, nos últimos 20 anos, morreram em média 1 trabalhado por mês no país, sendo mais de 80% de terceirizados.
Por Sindipetro-ES