via Portal Vermelho
O discurso da presidenta Dilma Rousseff no Senado Federal nesta segunda-feira (29) foi considerado encorajador para mulheres do movimento sindical e social. Para elas, a primeira mulher a ser eleita presidenta do Brasil valorizou a participação das mulheres durante a denúncia do golpe, que está sendo julgado neste dia no Senado. Dilma atacou o governo indireto de Temer, que “não tem mulheres nos ministérios quando o povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o país”.
Para a presidenta nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Rincón, o discurso de Dilma com um trecho dedicado às mulheres reafirma, como aconteceu no primeiro mandato da presidenta, que a misoginia não pode ter mais espaço.
“Mais uma vez ela demonstra a fortaleza que é e aponta para todas as mulheres do nosso país que ela reconhece a nossa força e que vai cumprir até o último momento o compromisso assumido por ela respeitando a democracia”, afirmou Lúcia.
Na opinião da secretária da mulher trabalhadora da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP), Gicélia Bittencourt, Dilma demonstrou nesta segunda-feira no Senado a mesma altivez e coragem de quando se recusou a renunciar.
“Quando ela falou que não iria renunciar foi uma forma de encorajar as mulheres a irem à luta. Ir até o final demonstrou o comprometimento dela com a luta e com a resistência e isso é um exemplo para seguir. Uma mulher que foi vítima da ditadura, teve um câncer e agora mais uma vez demonstra muita coragem”, observou Gicélia.
Para a dirigente da CTB-SP, Dilma valorizou a participação das mulheres na luta contra o golpe.
“Talvez se as mulheres não estivessem lado a lado com os homens pode ser que a luta estivesse mais frágil e ela mais vulnerável. É um processo difícil porque sabemos que não houve crime e que isso é uma farsa”, completou Gicélia.
Voz às mulheres
A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro, definiu como “emocionante” e “forte” o discurso de Dilma. “Ela ficará para a história do Brasil e do mundo como uma das mulheres mais fortes do planeta”, ressaltou Carmen.
“O discurso foi excelente, com conteúdo direto aos senadores, com humildade e demonstrando o compromisso que ela tem com o Brasil”, acrescentou.
Para Carmen, o golpe trouxe perdas simbólicas e materiais. Segundo ela, o ataque à presidenta é uma forma de abalar a estima das mulheres por esse motivo é importante a postura firme demonstrada por Dilma no Senado.
“Eu sinto que cada vez que Dilma se refere a nós ela está falando tanto para a mulher que luta todos os dias na sua própria família para ter um assento de respeito até à mulher que se propõe a ser presidente da República do nosso país. É um discurso que dá conta dessa dimensão humana, simbólica e política”, definiu Carmen.
Gicélia lembrou da importância da transmissão do discurso de Dilma na tv aberta. “A globo é o canal que chega na casa do pobre e isso ter acontecido hoje tem muita relevância”, observou.
Lúcia acrescentou que ao final da fala de Dilma os senadores tentaram desestabilizá-la usando a velha tática de que as mulheres são só emoção.
“Dilma mostrou que ela também é movida pela emoção mas que o que ela assume diante do país é uma luta política, que ela tem lado, que é uma luta contra interesses conservadores. E as mulheres brasileiras vão enxergar isso no discurso. A postura de defesa é aquela que todas nós aspiramos, construir a atitude de defesa do povo”, disse Lúcia.
Direitos a menos
A presidenta da UBM lembrou os retrocessos impostos pelo governo interino de Michel Temer ao conjunto de conquistas obtidas pelas mulheres nos últimos 13 anos.
“Vamos ser atingidos no programa Casa da Mulher Brasileira, teremos dificuldades em implementar a Lei Maria da Penha, seremos prejudicados em iniciativas que visam eliminar o preconceito e promover a igualdade de gênero nas escolas e em locais de trabalho. Esses são alguns dos retrocessos do governo interino”, enumerou Lúcia.
Ela citou ainda a desestruturação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e da secretaria de políticas para mulheres.
Lúcia denunciou ainda que o conteúdo da quarta conferência nacional de direitos da mulher sequer está disponível ou tem sido utilizado para a formulação de políticas públicas pelo governo interino.