A FUP e o Sindipetro Duque de Caxias participaram no dia 20 de junho, em Brasília, de uma reunião com a Comissão de Certificação (Comcer), que é responsável por atestar o Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos (Spie) no Sistema Petrobrás. A pauta principal foi discutir a situação da Reduc, onde o técnico de operação Luis Augusto Cabral foi vítima de um acidente fatal, no dia 31 de janeiro, após “afundar” sobre o teto de um tanque que estava corroído por ferrugem. O operador teve o corpo carbonizado por combustível aquecido à temperatura de 75º C.
Os dirigentes sindicais denunciaram aos membros da Comcer as omissões e irregularidades cometidas pelos gestores da Petrobrás, que colocam diariamente em risco a segurança operacional das unidades e a vida dos trabalhadores. O descaso com a manutenção dos equipamentos, a redução de efetivos e descumprimento rotineiro de acordos e legislações foram alguns dos fatos relatados pelos petroleiros.
No caso da Reduc, uma auditoria extraordinária foi realizada recentemente pela Comcer, que deverá se posicionar em breve sobre a integridade das instalações da refinaria. O Sindipetro Caxias denunciou aos órgãos fiscalizadores a interferência dos gestores da Petrobrás sobre o processo de certificação na Reduc.
Desde 2013, a inspeção de equipamentos havia recomendado à gerência da refinaria a troca do teto do tanque que causou a morte do operador Cabral. Já naquela época, o teto do reservatório estava totalmente comprometido pela corrosão, com apenas 1,9 milímetro de espessura. Em 2014, o Ministério do Trabalho confirmou as condições precárias de manutenção dos tanques da Reduc e chegou a interditar alguns deles, devido à corrosão acentuada nas escadas de acesso e nos tetos.
“Para nós, o Spie não atende mais às necessidades dos trabalhadores, devido ao seu aparelhamento aos interesses da Petrobrás”, afirmou Simão Zanardi, diretor da FUP e coordenador do Sindipetro Caxias. Em função das irregularidades cometidas pelos gestores da empresa, a Reduc corre o risco de ter a certificação do Spie cancelada pela Comcer.
Há anos, a FUP e seus sindicatos vêm denunciando os gestores do Sistema Petrobrás por negligência com a segurança das instalações e manutenção de equipamentos, seja nas refinarias, plataformas, terminais e outras unidades operacionais. No dia 22 de maio, um trabalhador terceirizado morreu ao cair de uma altura de 12 metros na plataforma PCH-2, na Bacia de Campos, onde ficou clara a negligência da empresa com a conservação dos pisos da plataforma.
Os acidentes continuarão incapacitando e matando os petroleiros, enquanto os gestores da Petrobrás não forem criminalmente responsabilizados pelos riscos a que submetem os trabalhadores.
Fonte: FUP