Segundo Jessé Souza, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o maior problema do Brasil não é a corrupção, mas a desigualdade. Ao diminuir as distâncias de poder aquisitivo entre os brasileiros, com a inserção das políticas sociais dos últimos anos, cresceu o medo dos 1% de endinheirados, de perder seus privilégios. Por isso, estes tentam desesperadamente recuperar o controle, sua intenção é retirar o poder de quem tenha alguma preocupação popular. Foi o caso do Getúlio, do Jango e da Dilma.
Enquanto isso, as classes médias reproduzem o discurso moralizador, assim, mantêm a ilusão de que estão mais perto da elite e não percebem que estão sendo usadas pelos donos do capital. Pensam que se diferenciam dos corruptos, mas estão apenas fazendo o jogo dos que reivindicam um Estado que funcione a seu favor. “É uma relação sadomasoquista, estabelecem um misto de admiração e ressentimento.” Essa classe média preocupa-se com a morte das baleias, mas não se sensibiliza com a miséria à sua volta, afirma Jessé Souza que também contesta autores como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Raymundo Faoro, que reforçam o sentimento de inferioridade nacional justificando máximas como a do brasileiro que dá um jeitinho em tudo e leva vantagem. “Essas ideias são construções que só servem para desencadear nosso complexo de vira-lata”.
É neste momento que se tornam importantes as ações dos movimentos sociais replicadas por meio das mídias sociais com a intenção de levar a cada vez mais pessoas a real situação, com ética, dignidade e pelos direitos conquistados. É nosso dever defender a democracia, assim como também levar ao conhecimento de todos a sua importância e sua histórica construção.