“Trabalhadores só garantem conquistas na democracia”, afirma presidente da CUT

 

Movimentos sociais, artistas e juristas se reuniram na noite dessa quarta-feira (16) no Teatro da Universidade Católica de São Paulo para defender a legalidade democrática e o Estado de Direito.

No dia em que grampos foram usados como armas políticas pelo juiz Sérgio Moro, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, ressaltou que a Central não deixará a resistência contra o golpe.

“Hoje, aconteceu mais um atentado à democracia e aos direitos dos trabalhadores. Simples para nós, o que temos que fazer, é cerrar a fileira da resitência. Temos que derrotar os golpistas nas ruas e defender a democracia”, apontou.

Além da defesa da democracia, conquista que contou com a luta de muitas organizações sindicais e com a morte de centenas de trabalhadores, Vagner ressaltou que não há avanço sem um Estado democrático.

“Eu sou um representante da classe trabalhadora e sei que trabalhadores só tem direitos e conquistas na democracia. Em geral, golpes como esse que está sendo construindo no nosso País é para ceifar o direito dos trabalhadores e escravizar os trabalhadores para o capitalismo. Portanto, trabalhadores, defendam a democracia, pois o golpe não é contra a Dilma, é contra você.”

De acordo com o dirigente, a batalha se dará também num Judiciário e convocou a todos os defensores da democracia saírem às ruas no dia 18.

“Vamos trabalhar no campo jurídico, evidentemente, pedindo ao ministro da Justiça para que ele tome posse já com uma ação, porque não é possível que se possa grampear o telefone da presidenta da República impunimente. Nós temos que fazer a resistência nas ruas. Dia 18 é o Dia Nacional em Defesa da Democracia, nós vamos tomar todas as ruas do Brasil.

‘Precisamos de várias frentes de luta para enfrentar o golpe’

O ato foi articulado pelo Fórum 21, criado depois das eleições de 2014, frente ao recrudescimento conservador, para reunir ideias voltadas ao avanço social, e pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, dos alunos de Direito da PUC-SP. O presidente do Fórum 21, Anivaldo Padilha, denunciou 116 conduções coercitivas realizadas pelo juiz Sergio Moro, sem optar pela alternativa da intimação sigilosa. Ele também defendeu que esse modo de atuação, com base em violação de direitos, cria um estado de exceção propício ao autoritarismo. “O nazismo se insurgiu com exceções. A classe média aceitou isso e quando descobriu que a exceção era regra já era tarde”, afirmou.

O ato teve apoio dos juristas Fábio Konder Comparato e Celso Antônio Bandeira de Mello, do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, entre outros nomes do campo progressista. Carina falou no ato em nome da Frente Brasil Popular. Disse que as ações da direita tentam intimidar, mas que os estudantes não são massa de manobra da mídia golpista. A mídia, aliás, foi tão criticada quanto o juiz Sérgio Moro.

A filósofa da USP Marilena Chaui, a última a falar também dirigiu suas críticas à manipulação da Rede Globo: “A mídia brasileira é obscena, é o escárnio”. Ela reiterou que “não bastar irmos à rua e dizer ‘não vai ter golpe’, temos de ter diversas formas de luta, para intervir no Legislativo e no Judiciário e trabalhar em todo o campo da opinião pública que não foi tomado por essa avalanche da extrema-direita”, afirmou. 

Chaui também disse que o cenário negativo é formado por três personagens. “São eles: o Congresso Nacional com a pauta reacionária e conservadora, que destrói a Constituição de 88; o Judiciário, que opera arbitrariamente ao arrepio da lei, contra a lei; e a ideologia que aparece na forma do ódio, do ressentimento, da vingança nas manifestações ocorridas.”

Já o jurista Fábio Konder Comparato afirmou que “nossa revolução tem que ser ética”. Para ele, “é preciso que cada um de nós renunciemos ao egoísmo, que é a marca registrada da sociedade capitalista. É preciso ensinar a juventude a viver de maneira altruísta, a ter compaixão, ter paciência e saber ajudar os outros. Só isso pode nos dar felicidade”.

Fonte: Rede Brasil Atual