Foi do jeito que tinha de ser. Do lado de cá, um grupo de milhares de pessoas. Do lado de lá, não mais que 80 saudosistas da ditadura, que rapidamente caíram para menos de 20 à medida que subia o sol de 30 graus. E a PM comandada pelo governo tucano de São Paulo, por sua vez, defendeu a minoria e reprimiu os movimentos sociais – com cassetetes, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
O ato de apoio ao ex-presidente Lula realizado na manhã desta quarta-feira, diante do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, só não foi totalmente favorável aos seus organizadores por conta da ação truculenta da polícia, que visivelmente adotou posição de defesa ao grupelho que pedia, entre outras coisas, intervenção militar – algo que, de certa maneira, acabou por conseguir –, “fim do comunismo” e morte ao PT.
A PM quebrou acordo que havia firmado com os dois grupos. O acordo previa que a entrada do fórum permaneceria livre para circulação e que o boneco Pixuleco – uma caricatura de Lula vestido com roupa de presidiários – não seria inflado nem erguido. Esse acordo, inclusive, foi divulgado a todos os presentes, por intermédio do carro de som que a Frente Brasil Popular levou ao local.
Enquanto isso, os simpatizantes da ditadura e dos julgamentos sumários chamavam, com acenos, os militantes do lado de cá para a briga. Sem obterem sucesso com a provocação, passaram a atirar pedras. Até então, nada de confronto físico, conforme orientação das lideranças da Frente Brasil Popular.
Intervenção militar
Por volta de meio-dia e meia, os simpatizantes das ideias fascistas começaram a inflar o boneco, de maneira acintosa. Um espaço de aproximadamente 10 metros e algumas grades separavam os dois grupos. No carro de som, o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, chamou a atenção da PM para o que se passava do outro lado e pediu que o acordo fosse cumprido.
Como o boneco continuava sendo inflado sem qualquer reação da PM, militantes da Frente Brasil Popular lançaram-se na tentativa de furá-lo. Os PM fizeram então uma espécie de cordão de isolamento em torno dos saudosistas da ditadura e passaram a distribuir borrachadas e bombas de gás lacrimogênio contra todos que vestiam vermelho. O corre-corre não demoveu quem queria destruir o Pixuleco e, exatamente às 13h – número do PT e de Lula – o boneco foi finalmente rasgado por militantes dispostos a enfrentar os cassetetes. Alguns saíram bastante feridos, sangrando no rosto, braços ou pernas.
O ato – que havia começado por volta das 7h e estendido até aquele horário justamente para tentar impedir que o boneco fosse exibido ao vivo nos telejornais vespertinos – foi então considerado encerrado. O Hino Nacional foi precedido pelo já tradicional “olê, olê, olá, Lula, Lula”.
Fonte: CUT