Em nota, conselheiro Deyvid Bacelar se pronuncia sobre a venda de ativos do Sistema Petrobrás

No dia 15/01, fui surpreendido com uma notícia na grande imprensa sobre a ameaça de venda de ativos, especificamente Transpetro, Fábricas de Fertilizantes e Nitrogenados (FAFENs) e Braskem, demonstrando a intenção da nova gestão da Empresa de colocar em prática o Plano de Desinvestimento da Petrobrás que vem sendo discutido desde o ano passado.

São 28 projetos já estruturados, que estão no plano de privatização do PNG 2015-2019, e não tinha a Transpetro nessa lista. Apenas, os projetos da BR e Gaspetro apareceram nas reuniões do CA e foram deliberados com o meu voto contrário em ambos, em função de eles consistirem em ativos estratégicos para o desenvolvimento da Petrobras.

Sobre a BR e a Gaspetro, respectivamente, o mercado doméstico de derivados representa a principal fonte de receita para a Petrobras, enquanto o mercado de gás natural consiste na segunda grande fonte de receita. Para ilustrar isso, para o bom resultado operacional do terceiro trimestre de 2015, de R$ 28,6 bilhões, a área de abastecimento foi quem mais contribuiu, com R$ 47,1 bilhões, seguida do setor de gás e energia, que somou R$ 4,8 bilhões. Por que então abrir mão dos dois mercados que mais geram rentabilidade para a companhia? Esses fatos, por si só, já evidenciam os equívocos no processo de tomada de decisão da atual gestão.

Reafirmo que a situação de venda de novos ativos não foi discutida nas reuniões do Conselho de Administração da Petrobrás.

Mas, como vamos ter reunião do Comitê Estratégico e CA nessa semana, vou solicitar maiores informações sobre os desinvestimentos e abrir a discussão com a empresa, governo e sociedade sobre a postura do diretor da Petrobrás, que hierarquicamente não pode ter mais poder decisório que a Presidenta da República, que cogitou a possibilidade de capitalização ou aporte de capital do Governo Federal para a Petrobrás, nem ficar falando sobre fatos relevantes ainda não comunicados pela Companhia.

Se a Presidenta ofereceu ajuda, por que não recebê-la? A venda de Ativos Estratégicos não é a alternativa adequada para a redução do endividamento e geração de caixa da Empresa.

Como fica o GT da Pauta pelo Brasil que está discutindo alternativas para ajudar na elaboração do PNG 2016-2020?

Uma das razões de sucesso da Petrobras é o fato de ela ser uma empresa integrada de energia. E integração e parte da companhia são, portanto, elementos cruciais para o desenvolvimento da empresa. Desse modo, não faz sentido o desejo de desintegrá-la cada vez mais, por meio dessa política maciça de desinvestimentos.

Por isso, os trabalhadores e o movimento sindical petroleiro não permitirão que a Petrobrás, empresa de Energia Integrada Nacionalmente, seja desmontada em um Governo que foi eleito com o discurso de defesa da Petrobrás.

Se nem no governo FHC conseguiram fazer isso, não será no governo Dilma que irão desmontar a maior empresa de capital aberto produtora de petróleo no mundo e detentora de competências e recursos estratégicos para o País.

Não à Privatização, a Petrobrás é nossa e não abrimos mão!

Um forte abraço,

Deyvid Bacelar
Representante dos Empregados no CA da Petrobrás
www.deyvidbacelar.com.br