Frustrada mais uma tentativa de adiamento, começou na terça-feira (27), em Belo Horizonte, a primeira sessão de julgamento de réus da chacina de Unaí, noroeste de Minas Gerais, ocorrida em 2004. Estão sendo julgados o fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser mandante, e o empresário José Alberto de Castro, apontado como intermediário na contratação de pistoleiros. A previsão é de que a sessão vá até quinta (29) ou sexta (30). Outros dois réus serão julgados em novembro.
A sessão começou com aproximadamente uma hora de atraso, na 9ª Vara Federal, presidida pelo juiz titular, Murilo Fernandes de Almeida. Foram sorteados sete jurados – quatro mulheres e três homens. Auditores fiscais fizeram protesto diante do prédio, vestindo-se de preto e deitando no chão. O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, acompanhou o início do julgamento. “Espero com grande expectativa que se faça justiça. Que todos os criminosos sejam condenados e punidos e que essa condenação sirva de exemplo para que não se reproduza, no nosso país, esse padrão de violência inaceitável”, afirmou, ao chegar.
O julgamento deveria começar na última quinta-feira (22), mas houve um adiamento para que a defesa tomasse conhecimento de documentação apresentada pelo Ministério Público Federal. O juiz e presidente do Tribunal do Júri determinou uma cisão em relação a outro acusado, Hugo Alves Pimenta, também acusado de ser intermediário e que fez acordo de delação. Ele será julgado em 10 de novembro. Antes, no dia 4, será a vez de Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, irmão de Norberto e acusado de ser o outro mandante.
Todos os réus aguardaram o julgamento em liberdade. São duas ações penais, uma envolvendo Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. O outro inclui Antério Mânica. Ao todo, 34 testemunhas serão ouvidas. A primeira a ser ouvida hoje, de acusação, foi o delegado Wagner Souza, da Polícia Civil, responsável na época pela investigação do crime.
Em agosto do ano passado, o Tribunal do Júri julgou e condenou acusados de ser executores do crime: Rogério Alan Rocha Rios (94 anos de reclusão, por quádruplo homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha), Erinaldo de Vasconcelos Silva, o Júnior (76 anos, por quádruplo homicídio, formação de quadrilha e receptação) e William Gomes de Miranda (56 anos, por homicídio).
Havia ainda outros dois réus. Francisco Elder Pinheiro, que morreu, e Humberto Ribeiro dos Santos, por prescrição.
O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, quando três auditores (Erastótenes de Almeida Gonçalves, o Tote, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva) fariam fiscalização em fazenda na zona rural de Unaí. Eles e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram executados a tiros.
Fonte: Brasil de Fato