Neste sábado, 03 de outubro, quando a Petrobrás completa 62 anos de existência, os trabalhadores e os movimentos sociais estarão novamente nas ruas defendendo a estatal e os direitos do povo brasileiro sobre o petróleo.
A conjuntura, como em outros tempos, é desafiadora. O país enfrenta grave crise política e econômica, com a direita impondo sua agenda de retrocessos.
É fundamental unificar as forças populares para reagir ao golpismo, defender a soberania nacional e, mais uma vez, impedir as tentativas de privatização da Petrobrás.
(Foto: acervo Sindipetro/RJ)
Há três meses, a Federação Única dos Petroleiros tenta discutir com a direção da empresa e com o governo propostas para garantir a manutenção dos ativos que estão sendo colocados à venda, preservar os postos de trabalho e retomar a função desenvolvimentista da estatal. Os gestores, no entanto, se negam a negociar.
Enquanto isso, as demissões se alastram por todo o Sistema Petrobrás e pela cadeia produtiva do setor. A situação se agrava a cada dia, com os cortes de investimentos impostos pelo novo Plano de Gestão e Negócios da empresa.
Para impedir esse desmonte em curso na maior e mais estratégica estatal brasileira, os petroleiros aprovaram uma greve por tempo indeterminado, como fizeram em maio de 1995, quando reagiram às medidas ultraliberais do governo FHC, que tinham por objetivo a privatização da Petrobrás.
A história se repete e a reação precisa ser urgente.
(Foto: Domínio Público)
Seis décadas de resistência
A petrolífera estatal brasileira nasceu das lutas populares e nacionalistas, após a emblemática campanha “O petróleo é nosso” e, desde então, sempre foi alvo de ataques e disputas políticas. Logo após a sua criação, os golpistas tentaram derrubar Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio. “Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma”, afirmou o presidente na carta-testamento que deixou.
(Foto: Domínio Público)
Dez anos depois, em 1964, a história se repetiu. Um dos últimos atos do presidente João Goulart foi encampar as refinarias privadas, após uma árdua campanha dos trabalhadores cujo mote era “Tudo de petróleo para a Petrobrás”. Foi a gota d`àgua para o golpe, que mergulhou o país em 21 anos de ditadura.
Os ataques contra a empresa prosseguiram nos anos 90, com a privatização do setor petroquímico nos governos Collor e Itamar. Fernando Henrique Cardoso deu sequência ao desmonte, acabando com o monopólio da Petrobrás e impondo ao povo brasileiro um dos maiores golpes contra a soberania nacional, ao criar a Lei 9478, que autoriza a concessão do petróleo para as multinacionais. O objetivo era privatizar a estatal, o que só não aconteceu porque os petroleiros reagiram com uma greve histórica de 32 dias.
O sucateamento se intensificou no segundo mandato de FHC, com entrega das ações da Petrobrás ao mercado de capital internacional, venda de ativos, grandes acidentes ambientais, afundamento da P-36, tentativa de mudar o nome da empresa para Petrobrax, entre outros ataques. Esse processo só foi interrompido em 2003, quando Lula assumiu o governo e alterou os rumos da estatal, com investimentos e ações políticas estratégicas.
(Foto: Divulgação)
A Petrobrás passou a ser uma empresa integrada de energia e indutora do desenvolvimento nacional. Com a descoberta do pré-sal, em 2007, a petrolífera brasileira tornou-se uma peça importante no tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial, principalmente, após a aprovação da Lei de Partilha, em 2010, que assegurou à empresa papel estratégico na exploração e produção dessas reservas bilionárias.
Em momento algum de sua história, a Petrobrás deixou de ser atacada. Seu legado de conquistas segue sendo disputado, mas nunca correu tantos riscos como agora.
É extremamente urgente defender a estatal da ação dos entreguistas, que agem dentro e fora da empresa. Novamente, a resistência virá dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Fonte: FUP