Em 2006, a perspectiva de reservas de petróleo para o país era para 19 anos com o investimento dos governos populares, a perspectiva subiu para 178 anos. Mudou totalmente a visão histórica em relação à produção e a autosuficiência do país. Esses foram dados apresentados pelo representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Luiz Delacosta, durante a primeira mesa temática deste sábado, 4, cujo tema foi “A Plataforma Operária e Camponesa para Energia”. A mesa também contou com a participação do diretor da Federação, Antônio Moraes.
Delacosta explicou que na década de 80, as empresas privadas ganhavam no setor energético fornecendo equipamentos e fazendo obras, não geriam a energia que estava nas mãos do Estado. Com a privatização as empresas passaram a se apropriar da energia e a referência para o preço da energia no país passou a ser o preço internacional, cuja matriz energética é o petróleo. Só que a energia no Brasil vem da água, que é muito mais barata e torna o setor com superávit.
“Por isso nossa energia é cara! Ela vem da especulação. Hoje o preço da luz está sendo contrário ao crescimento industrial no país” – alerta.
Em 2009 o lucro médio da AES Tietê foi de 48%, cerca de 480 milhões e todo esse lucro foi remetido para o exterior. Nenhuma parcela foi destinada a reinvestimento no sistema energético brasileiro.
Existem diferenças entre as indústrias de geração de energia elétrica e a do petróleo. Porque a indústria do petróleo se constitui a partir de uma luta histórica e de um sentimento nacional muito forte. Com o agravante que o petróleo é um bem findável. Por isso, para Delacosta é necessário organizar a resistência do povo brasileiro, contra a exploração internacional dessa riqueza.
Antônio Moraes concorda com Delacosta e sugera uma atuação mais intensa do movimento sindical com mobilização e participação da categoria, que precisa entender o momento pelo qual passa o setor petróleo.
Está em jogo a soberania nacional, para Moraes.”Nosso desafio é não permitir que aconteça com o petróleo, o mesmo que ocorreu com o ouro, o pau brasil e com o ferro brasileiro. Quando isso acontece, aqui só fica a exploração ambiental, o dano e a exploração do trabalhador” – disse.
Ele explicou, que no país a produção de petróleo no pré sal aconteceu de forma muito rápida, cerca de seis anos. “Em muito pouco tempo, o pré sal será responsável pela produção de 90% do petróleo nacional, por isso para o capital internacional é fundamental flexibilizar a lei” – alertou Moraes.
Segundo o sindicalista, existe uma série de projetos que alteram de alguma forma a Lei de Partilha, entre eles o de José Serra que está para ser votado e quer rever que a Petrobrás seja operadora única. Para ele, esse modelo precisa ser mantido porque com a Petrobrás como operadora única, 75% dos royalties arrecadados serão destinados à Educação e 25% para a saúde dos brasileiros, o que não acontecerá se a operação estiver nas mãos de estrangeiras. Clique aqui e conheça seis motivos para que o modelo de partilha se mantenha como já aprovado.
Da Imprensa do NF