Empresários e banqueiros desviaram o dobro do que é apurado pela Lava Jato
Enquanto a mídia e a justiça tratam de forma seletiva a corrupção, criminalizando o governo e o seu partido por uma questão que está historicamente relacionada ao financiamento privado de campanhas eleitorais, o maior escândalo de desvios de recursos já descoberto no país é abafado pela imprensa. Trata-se de um esquema de corrupção, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, sonegação e fraude fiscais envolvendo multinacionais, bancos, empreiteiras, empresas de comunicação, entre outros “peixes grandes”, comumente blindados pela mídia.
O esquema, desbaratado por uma força tarefa de diversos órgãos federais através da Operação Zelotes, envolve um montante de R$ 19 bilhões, dos quais pelo menos R$ 5,7 bilhões foram desviados dos cofres públicos. Os crimes ocorriam através de consultorias que faziam desaparecer da Receita Federal dívidas milionárias analisadas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), onde os contribuintes podem contestaradministrativamente os impostos cobrados.
Apesar da Operação Zelotes ter sido deflagrada há quase um mês, as investigações estão sendo abafadas pela mídia, cujos holofotes estão todos direcionados para o Operação Lava Jato, que estima em R$ 2,1 bilhões os recursos desviados nos esquemas de corrupção. Ou seja, menos da metade dos valores embolsados por empresários e banqueiros. Protegidos por uma legislação criada no governo FHC ( Lei nº 9.249, de 26/12/1995, que livra os sonegadores de processos criminais), eles seguem impunes e blindados pelos empresários de comunicação. Enquanto isso, os trabalhadores sofrem as consequências da irresponsabilidade de corruptos, políticos e juízes, que criminalizam a Petrobrás, causando desemprego em toda a cadeia produtiva que gira em torno da estatal.
Enquanto isso…
Shell compra BG de olho no pré-sal
Enquanto o PSDB, DEM e outros agrupamentos políticos se utilizam da Lava Jato para tentar acabar com o modelo de partilha e retirar da Petrobrás a exclusividade na operação do pré-sal, as multinacionais seguem se articulando para abocanhar essas disputadas reservas de petróleo. O anúncio da fusão entre a anglo-holandesa Shell e a britânica BG escancara a importância estratégica do pré-sal, tanto econômica, quanto politicamente. A Shell, que extrai hoje no Brasil em torno de 52 mil barris diários de petróleo, estima multiplicar sua produção para 550 mil barris/dia nos próximos cinco anos.
A BG – que tinha 50% de suas ações controladas pelo Estado ingês e foi totalmente privatizada nos anos 90 – tem 25% de participação nos campos de Lula, Iara e Iracema e 30% do campo de Lapa. Soma-se a isso, a participação da Shell em 25% do campo de Libra. E ainda tem gente que acredita na mídia, achando que o combate à corrupção é o que move a oposição em sua sanha privatista contra a Petrobrás. Como diria o marketeiro norte-americano James Carville, é o pré-sal, estúpido!
Fonte: FUP