Rede Brasil Atual
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, os trabalhadores deram um “show de organização e mobilização” até aqui no Dia Nacional de Lutas organizado pelas oito centrais sindicais do país, juntamente com outros movimentos sociais, como o MST. “Tivemos uma importante adesão, com fábricas paradas, mobilização. O Brasil precisa entender que, neste momento de desenvolvimento econômico, é um erro as demandas dos empresários serem atendidas e as nossas não”, defendeu em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Freitas criticou o Congresso Nacional, que chamou de “grande vilão” por não avançar na discussão das demandas dos trabalhadores. “Todas as nossas propostas têm de passar por lá e tem coisa parada há anos. No caso do governo federal, temos negociações andando. O governo não consegue resolver diretamente, mas é um instrumento para pressionar a base aliada no congresso”, avalia.
Além da pauta unificada das centrais, que cobram redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário e a rejeição do Projeto de Lei 4.330, de 2004, que amplia a terceirização e flexibiliza direitos trabalhistas, Freitas destacou outras demandas da sociedade. “Quando estamos na rua, pensamos o Brasil para a sociedade e o cidadão, além dos trabalhadores. A sociedade está cansada da não prestação de serviço público, quer transporte, educação e saúde de qualidade.”
Para ele, todos estes temas passam pela discussão de uma reforma tributária que aumente a progressividade do sistema. “Sem tributar grande fortuna e grande renda não teremos recursos para serviços. A proposta da CUT é uma reforma em que o rico pague mais e o pobre pague menos. Os impostos dos ricos devem financiar investimentos em políticas públicas de qualidade”, defende.
Freitas ressaltou também a necessidade de uma reforma política. “É uma proposta da CUT há anos. Propomos o fim do financiamento privado de campanha, voto em lista, proporcional, sem emenda individual no Orçamento, propomos que se repense o papel do Senado. E o plebiscito é o instrumento de consulta para que a sociedade possa se manifestar. Hoje o povo só participa a cada quatro anos, nas eleições. Não queremos só isso, a sociedade tem de discutir o que ela quer e ser ouvida.”
Ele questionou ainda a legitimidade do Congresso Nacional para realizar a reforma, pela “constituição conservadora que tem”. “É difícil colocar a raposa cuidando do galinheiro. Por isso a defesa da reforma política com o plebiscito”, acrescenta.
Segundo o dirigente, as manifestações que ocuparam as ruas nos últimos meses cobram mudanças progressistas. “O cenário é positivo, as pessoas clamam por mudanças progressistas, e não redução da maioridade penal, preconceito contra a opção sexual nas pessoas, como apareceu por aí. É uma correlação de forças, não precisamos ter medo disso, precisamos ter debate acontecendo na rua, não preso no Congresso Nacional.”