Os movimentos sociais organizados e as entidades sindicais que participam da Cúpula dos Povos, como a FUP, CUT, CTB, Central Sindical Internacional (CSI), Central Sindical das Américas (CSA) e diversas outras organizações sindicais tomaram o Centro do Rio durante a Marcha dos Povos, que aconteceu nesta quarta-feira (20). Os organizadores estimam que mais de 50 mil pessoas participaram da marcha, cuja concentração teve início às 14 horas na Candelária, de onde os manifestantes saíram pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia.
A manifestação integrou o dia de mobilização global em defesa dos bens comuns e contra a mercantilização da vida. A marcha se estendeu até o início da noite, com diversas lideranças sociais e sindicais criticando o texto da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), aprovado pelos diplomatas como recomendação aos chefes de Estado que participam das reuniões no Riocentro. O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, foi uma das lideranças que deram o recado aos manifestantes no carro de som oficial da Marcha dos Povos. Ele alertou que é com mobilização e pressão da sociedade em atos como a Cúpula dos Povos e em manifestações nas ruas que “faremos a revolução no meio ambiente”. “O rumo da mudança está nas mãos dos povos e não no Riocentro”, declarou.
Para a CUT, a redação do texto oficial da Conferência da ONU ficou muito “tímida”, para dizer o mínimo, e, na pressa de fechar um compromisso, o governo brasileiro deixou de negociar a inclusão e permanência de itens considerados estratégicos e essenciais para o mundo do trabalho, excluindo tudo que não era consensual.
“O texto é muito genérico, sem metas e compromissos. Ao não se comprometer com recomendações da OIT (Organização Internacional do Trabalho), como a implementação de um mecanismo de proteção social e de um plano de trabalho decente, retira pontos essenciais para o mundo do trabalho e não colabora para seguirmos rumo ao desenvolvimento sustentável com justiça ambiental”, destaca o presidente da CUT, Artur Henrique.
Ele crítica ainda o fato de a conferência postergar a definição das metas de desenvolvimento sustentável e, pior, manter a definição desses parâmetros apenas entre governos, sem a participação da sociedade civil.
Para os sindicalistas cutistas, é inconcebível que a Rio+20 não aponte para destinação de recursos voltados ao financiamento do desenvolvimento sustentável, enquanto os chefes de Estado mantém em suas rotinas a liberação de recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e para o Banco Mundial salvarem instituições financeiras, em geral, responsáveis pelas crises econômicas que tanto afetam a classe trabalhadora, os aposentados e quem mais precisa de proteção social.
“Os países alegam que não tem recursos para financiar essa transformação, mas vão destinar US$ 456 bilhões para um fundo anticrise. Não podemos permitir que os responsáveis pela crise utilizem a Rio+20 para tapar o buraco que eles mesmos causaram sem que assumam compromissos de inclusão social, distribuição de renda e promoção do trabalho decente”, afirmou.