Os debates do I Seminário Nacional de Comunicação Petroleira prosseguiram ao longo desta manhã, com a abordagem de outros temas relacionados à democratização da comunicação. Estratégias para fazer uma comunicação que vá além da categoria petroleira foram as principais questões abordadas pelos palestrantes, jornalistas e dirigentes sindicais.
O diretor da secretaria de comunicação da FUP, Leopoldino Martins, afirmou que a mídia continua atuando como partido político e movida pelos interesses da direita. “Daqui pra frente, o jogo será muito mais pesado e a disputa dos movimentos sociais e sindicais passa pela comunicação e deve ir muito além dos sindicatos e federações”, ressaltou Leopoldino.
O coordenador da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, iniciou o debate ressaltando que não dá pra fazer da comunicação de esquerda de forma burocrática. “Tem que ser militante e ter satisfação com o que faz. Além disso, é preciso fazer avaliações constantes”, afirmou. Paulo Salvador também deu um recado às direções sindicais: “As direções tem que dar prioridade à comunicação, investir na estruturação. O operariado hoje é outro e a pesquisa para saber se o trabalhador está lendo os jornais que estão sendo produzidos é primordial”.
Paulo também foi categórico quando afirmou que a mídia que está aí não nos representa. Para ele, que além de ter formação jornalística, também é dirigente sindical, a mídia que está aí não representa o povo, não representa os trabalhadores. O coordenador da Rede Brasil Atual finalizou sua apresentação ressaltando que além da otimização da comunicação dos movimentos sindicais e sociais, a esquerda também tem outros dois importantíssimos desafios: a democratização da comunicação através de uma nova regulamentação e a disputa com os novos meios de comunicação. “A Rede Brasil Atual teve 1,3 milhão de acessos em outubro, a TVT (TV dos Trabalhadores) será aberta e irá operar com canal digital a partir de março, portanto, podemos e devemos utilizar a internet pra produzir e disseminar conteúdos de qualidade”, afirmou. Segundo Paulo, calcula-se que só 10% do que circula na internet tem conteúdo.
Paulo Salvador aproveitou a ocasião para fazer um convite à FUP: “é hora de nós abraçarmos a Brasil Atual, para criarmos aqui no Rio uma sucursal para que o estado passe a ter uma presença grande na rede”, finalizou.
Outro comunicador que faz parte de um dos portais mais acessados da esquerda e que participou do seminário,foi José Reinaldo, do Portal Vermelho. O editor do site afirmou que o Vermelho não é um portal do PCdoB. “Ele é plural e aberto e publica todo e qualquer artigo, toda e qualquer reportagem do campo popular da esquerda e anti-imperialista”, detalhou.
Para o editor do Vermelho, é preciso dispensar forte atenção ao noticiário da política nacional, que é o carro chefe da produção de conteúdo. “Procuramos retratar a vida política nacional sob a ótica do campo da esquerda. Por sermos anti-imperialistas e internacionalistas, damos também amplo destaque ao noticiário internacional, damos grande importância às questões da América Latina, à luta pela paz mundial. Além disso, outro setor forte da nossa pauta são as organizações sindicais e os movimentos populares e sociais, que são os sujeitos políticos do nosso portal”, finalizou.
O integrante do MST e membro do conselho editorial do Brasil de Fato, Joaquim Pinero, finalizou o debate contando a história do jornal, que foi lançado no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2003, em formato Standart em edição semanal, com circulação nacional. Hoje o jornal tem 10 mil assinaturas e alguns poucos anunciantes. Segundo Piñero, o Brasil de Fato tem correspondentes na Venezuela, Bolívia, Roma e oriente médio. “O jornal também se conformou como uma agência de notícias, com uma média de 30 a 40 mil visitas dia. Temos também a rede de três mil rádios-web pelo interior do país, onde enviamos nossas notícias, às vezes com entradas ao vivo, e o projeto dos tablóides regionais para dialogar com a massa. O Standart é um jornal para a militância, com análise políticas, artigos, textos mais complexos. O tablóide tem outro perfil, com 16 páginas. A equipe é pequena, de 10 pessoas para toda a estrutura do jornal, que no Rio de Janeiro, é distribuído nos metros e nas barcas, no início da manhã”, afirmou. Segundo o militante, o Brasil de Fato é um jornal de esquerda, mas não para a esquerda, que começou no Rio, em maio de 2013 e, agora tem edições em São Paulo e em Belo Horizonte. “Queremos ampliar para Salvador, Brasília, Recife e Curitiba e, emos agora para o próximo ano, dois desafios: ampliar os apoiadores e aumentar para duas edições semanais”. Joaquim também ressaltou que a aliança do Brasil de Fato com a FUP é estratégica para intensificar a luta pela ampliação e democratização da comunicação no Brasil.
Fonte: FUP