Rede Brasil Atual
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizou ontem (16) atos públicos em dois shoppings centers da capital paulista, chamados para chamar a atenção para a discriminação contra jovens da periferia que têm organizado passeios coletivos a centros de consumo das regiões centrais da cidade. Também participaram da organização do protesto os coletivos Periferia Ativa e Resistência Urbana.
Convocados pelas redes sociais e realizados nos shoppings Jardim Sul (região do bairro do Morumbi) e Campo Limpo (região metropolitana), os ‘rolezões populares’, como foram chamados, também foram barrados pela Justiça, que deferiu liminares proibindo o acesso dos manifestantes. As portas dos dois empreendimentos foram fechadas e seguranças foram posicionados para reprimir as manifestações – que acabaram ocorrendo no entorno das instalações. Não houve confronto com a polícia.
Segundo a coordenadora estadual do MTST, Ana Ribeiro, o movimento decidiu apoiar os rolezinhos porque entende que os jovens estão reivindicando lazer e cultura para a periferia. “A gente está em uma luta por moradia na periferia, mas isso é uma luta imediata. Tudo que tem relação com a cidadania do povo da periferia a gente apoia”, disse.
No Jardim Sul, um dos participantes do protesto, o açougueiro Lucas de Jesus disse que foi à manifestação para defender o direitos dos jovens pobres de frequentarem os centros comerciais. “Nós não estamos podendo entrar no shopping. Vários amigos meus já foram barrados”, reclamou o jovem, de 18 anos.
Os manifestantes que participaram do ato no Shopping Jardim Sul são, em sua maioria, moradores das ocupações Faixa de Gaza, em Paraisópolis, e Capadócia, no Campo Limpo. No protesto que esteve no Shopping Campo Limpo, os participantes eram moradores das ocupações Vila Nova Palestina, no Jardim Ângela, e Dona Deda, no Parque Ipê, todas na zona sul.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, disse que lamentar que parte do Judiciário concorde e conceda autorização aos shoppings “para impedir a entrada de jovens pobres, de jovens negros”, e que tais medidas “escancaram o muro social que nós temos.”
O ativista afirmou ainda que os shoppings é que estão cometendo um crime, ao impedir o direito de ir e vir do cidadão e que novos atos contra a discriminação social serão organizados. Boulos reafirmou que, de forma geral, o fenômeno dos rolezinhos reflete a ausência de espaços de lazer para os jovens das periferias das grandes cidades. “O que não pode é esse movimento ser criminalizado.”