Representantes dos bancários consideraram "insuficiente" proposta apresentada sexta-feira (19) pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), durante a sétima rodada de negociação. A entidade patronal ofereceu 7% de reajuste na data-base, 1º de setembro, e 7,5% para os pisos. No primeiro caso, o índice corresponde a 0,61% de aumento real (acima da inflação); para o piso, a 1,08%. Assembleias durante a semana que vem devem rejeitar a proposta e aprovar greve a partir do dia 30. Em São Paulo, o sindicato da categoria fará assembleia na quinta-feira (25).
Os 7% valem para todas as verbas que compõem os vencimentos, como tíquete-refeição (que passaria de R$ 23,18 ao dia para R$ 24,80) e auxílio-alimentação (de R$ 397,36 para R$ 425,20 ao mês). Com o reajuste de 7,5% nos pisos, o menor salário de bancário com função de escriturário, jornada de seis horas e mais de 90 dias de casa iria dos atuais R$ 1.648,12 para R$ 1.771,73. O de caixa, de R$ 2.229,05 para R$ 2.393,33.
A regra básica de participação nos lucros ou resultados (PLR) prevê uma parcela correspondente a 90% do salários mais uma parte fixa de R$ 1.812,58. A proposta de PLR é composta ainda de uma parcela adicional correspondente a 2,2% do lucro líquido a ser dividida entre os funcionários.
A categoria reivindica 12,5% de reajuste, incluindo aumento real. Para o pagamento da PLR, os bancários querem um valor equivalente a três salários-base e mais parcela fixa de R$ 6.247. Os sindicalistas lembram que a negociação inclui melhores condições de trabalho, como fim das metas consideradas abusivas. Eles lembram a categoria perdeu postos de trabalho nas duas últimas décadas, enquanto a demanda aumentou: eram 730 mil bancários em 1990, para aproximadamente 512 mil hoje. Nos últimos 12 meses, foram fechadas 5.500 vagas.
Segundo o Comando Nacional dos Bancários, os sindicatos não defenderão a aprovação da proposta em suas bases. "A média dos ganhos reais das categorias que negociaram no primeiro semestre foi de 1,54%. Os bancos têm rentabilidade bem mais alta que outros setores, com condições de aceitar as reivindicações. Não queremos só aumento real, mas melhores condições de trabalho", afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, integrante do comando. "Um setor que lucra bilhões de reais por semestre no Brasil não pode dar aumento real de 5% para os principais responsáveis pelos altos lucros, que são seus trabalhadores? Não pode contratar mais funcionários e acabar com as filas nas agências e o adoecimento na categoria? O resultado disso são bancários e clientes insatisfeitos."
Fonte: Rede Brasil Atual