Intransigência, truculência e demissões: é assim que o PSDB trata os trabalhadores

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Cinco dias de greve dos metroviários do estado de São Paulo foram suficientes para que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) colocasse em prática o receituário tucano de como tratar os trabalhadores em situação de conflito. Tropa de choque, cassetetes, bombas de gás, demissões em massa, criminalização do movimento, aliança com o judiciário, multas absurdas, bloqueios de bens do sindicato… O mesmo modelo repressivo aplicado por Fernando Henrique Cardoso para tentar reprimir a greve dos petroleiros em maio de 1995.

Na época, mais de 80 trabalhadores foram demitidos e outras centenas, punidos. FHC ocupou as refinarias da Petrobrás com tanques do Exército e, assim como Alckmin, recorreu ao judiciário e à midia para criminalizar a greve e colocar a população contra os petroleiros. É assim que o PSDB trata os trabalhadores.

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Já no primeiro dia de greve dos metroviários de São Paulo (05/06), o TRT passou a mediar a negociação entre o sindicato e o governo tucano. Sem acordo, a categoria manteve a paralisação, aprovando em assembleia a alternativa de liberar as catracas para a população. Alckmin não aceitou e exigiu que a justiça decretasse a abusividade do movimento.

O TRT cumpriu à risca a determinação tucana, atacou o direito de greve ao impor a retomada de 100% dos serviços e decretou multa ao sindicato de R$ 600 mil por cada dia de descumprimento da decisão. Os metroviários aprovaram a continuidade da paralisação e, em resposta, o governador Alckmin começou a demitir os trabalhadores por justa causa e endureceu a repressão contra os grevistas, que foram violentamente reprimidos pela polícia. Os tucanos chegaram a anunciar 61 demissões e depois confirmaram 42.

A CUT, a UGT, a Conlutas e movimentos de moradia e pelo passe livre realizaram um ato em solidariedade aos metroviários, no dia 09, no Centro de São Paulo, protestando contra a truculência do PSDB e exigindo a readmissão dos trabalhadores demitidos. A FUP também se solidarizou com a categoria e repudia veementemente a postura autoritária do governador Geraldo Alckmin, cujo intuito é usar os metroviários como exemplo para tentar intimidar greves de outros servidores estaduais que estão em campanha. "FHC tentou fazer o mesmo com os petroleiros na greve de 95 e não conseguiu quebrar a espinha dorsal do movimento sindical", recorda o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes.

Mídia blindou o PSDB

A greve dos metroviários aconteceu em meio a uma série de escândalos do governo tucano, como a crise hídrica que impôs à população o racionamento da água e as denúncias de participação no esquema de cartel que desde 2008 envolve superfaturamento e corrupção nas obras do metrô e dos trens metropolitanos. Mesmo assim, a mídia poupou e blindou o PSDB em toda a cobertura da greve, responsabilizando os metroviários pelos problemas causados à população. Já nas reportagens sobre a greve dos rodoviários de São Paulo, o alvo principal da Globo, Veja e companhia foi o prefeito do PT, Fernando Hadadd, que, diferentemente de Alckmin, jamais apostou no conflito e manteve-se sempre aberto à negociação sindical. 

Quem se abraça com tucano acaba bicado

A greve dos metroviários de São Paulo, cujo sindicato é dirigido pelo PSTU/Conlutas, trouxe à tona o modus operandi do PSDB.  Os petroleiros, mais do que qualquer outra categoria, sabem do que se trata, pois sofreram todas as formas de ataques do governo tucano. Desde a quebra do monopólio da Petrobrás, passando pela campanha de desmonte e tentativa de privatização da empresa, até demissões, punições, perseguições gerenciais, cortes de direitos, reajuste zero e tantas outras atrocidades. As gestões da Petrobrás e da Petros eram todas coniventes com os tucanos. Não havia espaço para avançar nas negociações.

E, apesar de tudo isso, os dirigentes sindicais petroleiros do PSTU/Conlutas preferem se aliar aos setores conservadores da empresa para fazer oposição à FUP, contribuindo para fortalecer os tucanos nas disputas internas da Petrobrás e, consequentemente, nas eleições.  A utilização das organizações sindicais para fazer sistematicamente uma campanha contra os governos do PT é outra estratégia do PSTU que sempre acaba fortalecendo os partidos de direita, colocando em risco conquistas e avanços da classe trabalhadora. 

Estamos vendo novamente a repetição deste filme na greve dos metroviários, que, segundo diversos setores da categoria, foi gestada para "minar" a abertura da Copa, realizada no último dia 12, em São Paulo.  Ainda segundo os próprios metroviários, o PSTU/Conlutas deixou de lado o enfrentamento com o governo Alckmin sobre a cartelização e corrupção nas obras do Metrô, preferindo atirar nos gastos do governo Dilma com a Copa. O resultado é que, além de todo o desgaste que a greve causou aos trabalhadores, com 42 demissões e certamente várias punições, Geraldo Alckmin ainda saiu fortalecido do embate, liderando as pesquisas eleitorais que apontam a sua reeleição. 

Fonte: FUP