Rede Brasil Atual
A campanha nacional dos bancários começou formalmente terça-feira (30), com entrega da pauta à direção da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na sede da entidade empresarial, na capital paulista. A primeira rodada de negociação foi marcada para 8 de agosto, mas uma proposta de índice deve demorar a aparecer – as primeiras reuniões são dedicadas à discussão das cláusulas sociais. Enquanto os sindicalistas reivindicam 11,93% de reajuste, índice que inclui uma projeção da inflação e aumento real de 5%, os bancos avaliam que a economia continuará crescendo este ano, mas em ritmo menor. Os gigantes do setor anunciaram lucros maiores no primeiro semestre.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do comando nacional dos bancários, Carlos Cordeiro, avalia que a conjuntura é favorável à categoria, à medida que os balanços dos bancos mostram “que a situação do sistema financeiro é muito sólida”, com “resultados invejáveis”, acima de outros setores da economia.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, acrescenta que, apesar dos bons resultados, os bancos privados estão reduzindo postos de trabalho, o que aumenta a sobrecarga de trabalho. “O resultado é que os bancários estão extremamente insatisfeitos”, afirma. Além disso, aponta Cordeiro, os bancos demitem e recontratam trabalhadores com salários menores. De acordo com pesquisa feita em parceria com o Dieese, o salário médio dos admitidos no primeiro semestre foi 36% menor em relação ao dos que saíram.
Um dos itens da pauta de reivindicações entregue ao presidente da Fenaban, Murilo Portugal, e ao diretor de Relações do Trabalho, Magnus Apostólico, inclui justamente o fim das metas consideradas abusivas e do assédio moral. Na parte econômica, além dos 11,93%, os bancários reivindicam participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários nominais mais R$ 5.553,15 e piso de R$ 2.860,21, equivalente ao salário mínimo calculado pelo Dieese. Pela atual convenção coletiva, os pisos são de R$ 966,74 (pessoal de portaria, contínuos e serventes) e de R$ 1.385,55 (pessoal de escritório, tesoureiros, caixas).
Na semana passada, os bancários divulgaram sua pesquisa de projeções e expectativas, apontando crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% em 2013 e 2,7% em 2014, um pouco abaixo da anterior (2,5% e 3,2%, respectivamente). Já o crédito deve crescer 15,2% este ano e 15,1% no próximo. Na contramão do que esperam os bancários, o setor financeiro aposta em continuação da política de aumento de juros básicos. Segundo a pesquisa, “há forte consenso” em nova elevação de meio ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 9% ao ano.
Entre os maiores bancos privados, o Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 7,055 bilhões no primeiro semestre, 4,8% acima de igual período de 2012. O Bradesco atingiu R$ 5,86 bilhões, no maior resultado para o período e com alta de 4,3%. Também nos primeiros seis meses de ano, os bancos privados fecharam 5 mil vagas. O saldo total foi de 1.957 postos de trabalho a menos, devido basicamente a contratações na Caixa Econômica Federal.
O sindicato de São Paulo fez manifestações na região central para marcar o início da campanha, com presença de artistas em vários locais.