Portal Terra, por Rodrigo Rodrigues
O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), maior central de sindicatos de trabalhadores da Petrobras no País, afirmou nesta terça-feira (08) que a entidade irá às ruas para defender o que chamam de “legado da Petrobras para o Brasil”, caso a CPI proposta pelos partidos de oposição seja autorizada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo João Antonio de Moraes, a investigação da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é apenas “pano de fundo de uma disputa política que quer sangrar a estatal” do petróleo e “paralisar” o País em ano de eleição:
“Nós somos a favor de que tudo seja investigado e apurado. Mais que uma estatal, para nós a Petrobras é uma empresa pública e deve total transparência aos brasileiros, não só os acionistas. A CPI é apenas a última alternativa de investigação quando o Tribunal de Contas da União (TCU), a Procuradoria Geral da República (PGR), o Ministério Público Federal (MPF) e diversas outras órgãos não conseguem fazer o trabalho de apuração por questões políticas. Não é o caso agora. Todos esses órgãos foram acionados e estão trabalhando na apuração. Agora, do jeito que foi sugerida no Congresso, a CPI só quer sangrar a empresa, num palco de disputa política eleitoral inaceitável para quem trabalha e vive o cotidiano da empresa”, afirma Moraes.
Ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), a FUP congrega 14 sindicatos do setor. Atualmente a entidade representa de 150 mil trabalhadores, aposentados e pensionistas de empresas do setor petrolífero no Brasil. Cerca de 80 mil são empregados diretos ou indiretos da Petrobras e BR Distribuidora.
De acordo com o presidente João Antonio de Moraes, a CPI da Petrobras faz parte de uma estratégia da oposição de sangrar o governo até a eleição de outubro, prejudicando as obras em andamento da estatal e levando insegurança para o mercado:
“A Petrobras é a grande alavancadora de crescimento do País, responsável por mais de 50% de todas as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Jogar a empresa no palco das disputas políticas é pedir para paralisar o País. E é isso que a oposição está querendo. Portanto, nós trabalhadores não podemos admitir que isso ocorra, imputando prejuízos a milhares de trabalhadores brasileiros em nome de um projeto político da oposição sem força política para ganhar nas urnas”, justifica o presidente da FUP.
Protesto em Brasília
No próximo dia 15, a Federação dos Petroleiros e cerca de 20 movimentos sociais devem fazer um ato unificado de protesto e em defesa da Petrobras, em Brasília. O ato deve acontecer em frente ao Congresso Nacional às 15h00, segundo a entidade.
João Antonio de Moraes diz que esse será só o primeiro de muitos outros atos que devem acontecer na capital federal, caso a CPI seja aprovada na Câmara dos Deputados ou no Senado.
“Pasadena hoje é só o pano de fundo dos partidos que venderam a Petrobras no passado. Essa refinaria nos Estados Unidos é a que mais fatura entre as unidades da Petrobras fora do país, gerando U$16 bilhões por ano. Além disso, depois de muitas décadas sem novas refinarias, atualmente a Petrobras está construindo cinco novas. Ou seja, brecar esse processo de crescimento é entregar à bacia das almas o que restou da empresa da época do Fernando Henrique. É prejudicar a economia do Brasil e toda a cadeia de trabalhadores inserida nesse processo”, argumenta Moraes.