Em um intervalo de pouco mais de uma semana, dois trabalhadores terceirizados perderam a vida em acidentes na Petrobrás. Na segunda-feira, 02, Ilton Márcio Evo Filho, 36 anos, contratado pela NM Engenharia, empresa que presta serviços para a RPBC (Cubatão/SP), caiu de uma altura de 12 metros, quando desmontava um forno desativado na Unidade de Destilação. O trabalhador estava na zona de convecção do forno (no topo do equipamento) e morreu logo após a queda, soterrado pelas ferragens. Ele deixou dois filhos e viúva.
O acidente que tirou a vida de Ilton Márcio ocorreu nove dias após o vigilante Almir da Silva Marques, 34 anos, morrer atropelado na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O forno da RPBC onde o operário realizava o serviço já estava desativado e sucateado há mais de dez anos. Este foi o segundo acidente fatal em 2012 no Sistema Petrobrás, onde 155 petroleiros morreram nos últimos dez anos, sendo que 133 deles eram terceirizados. Ou seja, mais de 85% dos acidentes fatais na empresa são com petroleiros terceirizados.
Uma realidade que se perpetua desde a década de 90, quando o neoliberalismo foi intensificado na gestão da estatal, terceirizando atividades permanentes e reduzindo efetivos próprios, com impactos diretos na segurança. Desde 1995, a FUP e seus sindicatos tomaram conhecimento de 313 acidentes fatais de trabalho, dos quais 253 com petroleiros terceirizados.
Além da terceirização desenfreada, com precarização das condições de trabalho e segurança, os acidentes fatais na Petrobrás são resultado da incapacidade dos gestores da empresa de aceitarem que os trabalhadores e suas representações sindicais precisam ter voz ativa na definição das políticas de SMS.