CUT, por William Pedreira
No ano passado foram mais de 30 dias de paralisação que resultaram em grandes avanços para os operários das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). E os trabalhadores começam 2013 novamente mobilizados, demonstrando a mesma unidade e disposição de luta para que suas reivindicações sejam atendidas.
Em assembleia realizada na última quarta-feira (6) os operários aprovaram o inicio de uma greve como forma de pressionar os sindicatos patronais a acatarem a proposta de reajuste salarial de 12%, elevação do tíquete-alimentação para R$400,00 e pagamento das horas in itinere, aquelas relacionadas ao deslocamento para o canteiro de obras.
A construção do Complexo Petroquímico integra o Programa de Aceleração do Acrescimento (PAC) e é considerada a maior obra a ser realizada pela Petrobrás.
Conforme solicitação do presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom) realizou na manhã desta quinta (14) uma nova assembleia para ratificar a disposição dos trabalhadores em sustentar o movimento paredista.
O que foi visto é 100% da categoria mobilizada, comprovando mais uma vez a disposição dos trabalhadores, que lutam por um reajuste salarial digno e ampliação das conquistas.
A audiência de conciliação entre ambas as partes está marcada para amanhã. “Esperamos que o patronato apresente uma proposta condizente com as expectativas dos trabalhadores, que possa ser levada para análise na assembleia marcada para o dia 19”, informou Cláudio Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Madeira (Conticom/CUT), que está acompanhando toda a negociação.
Ele lamentou o fato das empresas apostarem mais uma vez no acirramento do processo, que é desfavorável para ambos os lados. “Infelizmente, a negociação vem se configurando para um processo idêntico ao do ano passado. Diante da recusa dos empresários, inciar uma greve é a última alternativa para o Sindicato. Por isso esperamos que o patronato apresente o quanto antes uma proposta coerente para que possamos encerrar o movimento. Em relação a estas grandes obras, há uma preocupação do Conticom e de seus sindicatos filiados em evitar o acirramento da disputa e futuros incidentes.“
Postura intransigente das empresas é responsável pelo acirramento – Paralelo à greve no Comperj, outras obras pelo Brasil expõem os problemas na relação entre patrão e trabalhador, que resultam geralmente em situações de embate.
Recentemente, operários da usina hidrelétrica de Colíder, localizada no leito do rio Teles Pires, no Mato Grosso, ateram fogo em alguns ônibus e depredaram instalações do canteiro de obras. Já na cidade de Ferreira Gomes, no Amapá, um grupo de funcionários queimou cerca de 12 alojamentos no canteiro da Usina Hidrelétrica local.
Ambas as ações são reflexo da falta de sensibilidade e respeito das empresas responsáveis, que relegam os operários à condições precárias de trabalho e se negam a atender as justas reivindicações dos trabalhadores da construção civil.
“Nos preocupa bastante esses casos de revolta e violência. Geralmente, são trabalhadores que estão isolados nos canteiros de obras, sem contato com seus familiares. Qualquer descontentamento pode levar a situações como estas”, alertou o presidente da Conticom.