Sindicato denuncia desmonte das atividades do E&P na Bahia

Sindipetro BA

Qual a relação entre o Mobiliza, PIDV, sucateamento e leilão das sondas da CPM,  falta de investimento e precarização das sondas terrestres, insegurança nas áreas da UO-BA e transferência do Cofip?

A resposta é simples: tudo isto está relacionado ao desmonte das atividades geridas diretamente pela Petrobrás, especialmente no Nordeste, com o objetivo de atender ao apetite insaciável da iniciativa privada. A finalidade é a entrega das atividades do E&P ao setor privado com a anuência da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Petrobrás e governo do Estado da Bahia.

É uma estratégia traçada nos meandros do poder e que vem atingindo diretamente aos trabalhadores diretos e terceirizados e também às comunidades de municípios que, em parte, dependem das atividades da estatal em suas regiões. O Sindipetro denuncia o que se tornou rotina: o desenvestimento da Petrobrás na Bahia, o desmonte, a redução dos postos de trabalho e a terceirização. Realizamos greves e organizamos audiências públicas para discutir o assunto, que foi levado ao conhecimento de parlamentares, ao governo estadual e federal.

A diretoria do Sindipetro Bahia também se reuniu com o secretário Mauricio Barbosa (SSP), denunciando e pedindo providências contra os constantes assaltos nas áreas da UO-BA. Foram inúmeras as ações coordenadas pelo sindicato, que sempre esteve atenta aos problemas que atingem à categoria, procurando resolvê-los e combatê-los. Apesar da luta, o fato é que o desmonte continua, assim como a insegurança. Confira.

Insegurança nas áreas da UO-BA

No inicio de outubro de 2013, o Sindipetro deu inicio a uma greve por tempo indeterminado em protesto à falta de segurança nas áreas da UO-BA, com grande adesão dos operadores diretos e dos terceirizados. Os trabalhadores conseguiram paralisar a  produção, estocagem e transporte de petróleo, paralisando a as atividades em diversas estações Socorro, Marapé e Soão João. Após quatro dias de greve, o GG da UO-BA solicitou uma reunião com a diretoria do Sindipetro, na qual assinou um acordo se comprometendo a implementar melhorias nas áreas operacionais para dar mais segurança aos trabalhadores.

Passados quatro meses pouca coisa mudou. O diretor do Sindipetro, André Araújo, que faz parte da comissão formada à época para acompanhar todo o processo de melhoramento nas áreas, diz que as ações estão “caminhando a passos de tartaruga”. Ele cita o exemplo de Candeias, onde, das 8 estações, só duas tiveram pequenas melhorias- Almeida e Socorro. Mas mesmo nestas estações, os furtos e roubos continuam acontecendo e os trabalhadores são alvos constantes dos bandidos.  

A Polícia Militar chegou a efetuar algumas prisões de marginais que atuavam nestas estações, mas não resolveu o problema. Nos últimos anos, mais de 30 armas e coletes foram roubados e dois trabalhadores foram mortos devido à ação dos bandidos.

CPT – Construção de Poços Terrestres  

A Petrobras vem avançando de forma voraz na sua política de diminuição de custos, reduzindo as atividades no Estado, com transferências dos trabalhadores para unidades em outras regiões, reduções dos números de sondas e de perfurações realizadas. Com essa política, prejudica não somente os trabalhadores, mas também a economia baiana e as comunidades em que atua (assunto tratado em audiência pública na Assembléia Legislativa, em maio de 2013, para tratar do desenvestimento da Petrobras no Nordeste,  com as presenças de prefeitos destas comunidades) .  

A empresa já anunciou que vai automatizar as estações Almeida e Carmo. Consequentemente, cerca de 10 operadores estarão fora do turno e seus salários serão reduzidos. Sem contar com a redução do efetivo, que atinge em cheio os terceirizados.

Redução das sondas terrestres de perfuração: em 2012 eram 14, em 2013 apenas 3.

Em 2012 foram realizadas 160 perfurações; em 2013 em torno de metade disso.

                                    

CPM – Construção de Poços  Marítimos

No dia 31/12/2013 o Ibama liberou licença para perfuração de 44 poços e intervenções em outros 30 em águas rasas em Sergipe. No dia 28/01/2014,  o Diário Oficial da União, nº 19 seção 3, páginas 104 e 105, divulgou o aviso de licitação de leilão internacional nº 1474404140, com o objetivo de alienação das Sondas P-I , P-III, P-IV, P-V, P-VI e P-XIV, com pregão eletrônico previsto para ocorrer no dia  28/04, às 10h.

 

A não liberação da licença do Ibama para que a Petrobras pudesse fazer  a exploração em águas rasas foi um dos fortes motivos alegados pela estatal para a venda das sondas. A partir de agora, com a superação deste entrave, O Sindipetro Bahia e a FUP entendem que o leilão deve ser cancelado.

O Sindipetro Bahia e a FUP cobram da Petrobrás o restabelecimento das atividades de perfuração nas sondas e mantém a luta para  impedir que a atividade da perfuração seja realizada por sondas contratadas.

 

Confira a situação das sondas e das plataformas

 

Sondas

 P-I , P-V, P-VI e P-XIV estão no estaleiro de São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe\Bahia. 

P-IV e P-III estão na base naval de Aratu\Salvador. 

Plataformas 

P – III –   Pronta para operar. Última intervenção aconteceu no campo de Manati\Bahia, onde ficou de julho a dezembro de 2013. 

P – VI – Pronta para trabalhar. Última programação foi a perfuração de poços em Ilhéus\ Bahia, entre outubro e novembro de 2013, a serviço da Queiroz Galvão. 

P – 59 e P – 60– São plataformas novas e não serão leiloadas. A P-59 só pode executar suas atividades em água rasa e a P-60 será usada somente como flotel.

P – I – Está inoperante e só tem a balsa; pode ser utilizada como flotel ou para fazer testemunhagem de solo, pois os equipamentos são instalados na balsa. 

P – V – Também está inoperante e o seu casaril em péssimascondições. 

P – IV – Única que pode trabalhar em águas muito rasas, perfurar e intervir em até 2,5 metros de lâmina d'água, entre 2012 e 2013 perfurou 60 poços de testemunhagem de solo entre o RJ e o ES. Apesar disso, não pode operar devido à falta de adequação legal.