GREVE NACIONAL DOS PETROLEIROS: UNIDADE E LUTA CLASSISTA

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Por Divanilton Pereira

A greve é um valioso instrumento para a formação da classe trabalhadora para si. É um MEIO decisivo para tentar diminuir circunstancialmente a diferença de forças entre o capital e o trabalho diante de um impasse concreto. 

A CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA

Perceber e aproximar-se o máximo possível sobre o ambiente político e econômico compõem uma metodologia estruturante e decisiva numa batalha dessa envergadura. 

Os CETEBISTAS petroleiros compreendem que novos centros do dinamismo econômico e produtivo vão criando novas tendências políticas e sociais. Uma nova divisão internacional do trabalho se desenvolve potencializando, a partir de centros – velhos e novos – um novo padrão-paradigma para os direitos sociais e trabalhistas e esse processo vem influenciando essa pauta mundo afora. No Brasil, o exemplo mais concreto manifesta-se através do projeto de lei 4.330.

NOVOS RUMOS ?

No plano econômico, os impactos dessa crise no Brasil estão crescentes. No que pese os efeitos sociais, distintos de outros centros, as flexões governamentais frente às pressões sobre o câmbio e as taxas de juros, tendem a propiciar um déficit recorde nas contas correntes deste ano no país.

O resultado dessa escolha política ameaça o esforço anterior por um ritmo desenvolvimentista maior. Esse quadro explica o discurso da presidenta Dilma Rousseff nos Estados Unidos, num encontro com investidores internacionais, onde ela disse, grosso modo: “Venham de onde vier, respeitaremos os contratos e teremos o que disponibilizar.” Sem nenhuma xenofobia – até porque concordo com a vinda, desde que focada e regulada como a experiência chinesa – essas afirmações reforçam que as disputas pelos rumos devem ser intensificadas pelos trabalhadores. 

2014: ABERTO E INCERTO

Na política, o governo reequilibra-se após o advento de junho. Antecipada pelas oposições, o processo eleitoral 2014 tem sua temperatura elevada com a criação de novos partidos políticos e as novas filiações, com destaque para a de Marina Silva ao PSB “de” Eduardo Campos. Em sua primeira abordagem pública sobre a macroeconomia brasileira, ela disse, também grosso modo: “Voltemos ao tripé macroeconômico do governo Fernando Henrique Cardoso”. Um abominável acordo tácito entre a burguesia brasileira, o rentismo nacional e o internacional implantado em 1994. Percebe-se que a direita conspira também através de suas reservas. O ambiente eleitoral está em aberto e incerto para o próximo ano.

Esse quadro tem impacto direto sobre os bancos públicos e as empresas estatais. Sobre eles, induzem a reduzirem suas intervenções públicas. O BNDES é o exemplo mais recente. Já nas atividades de serviços, logística e industrial, implementam o compartilhamento na gestão e no investimento.

A PETROBRAS

A Petrobras sofre esses efeitos atualmente e também um impacto anterior bem maior: O de se adaptar ao modelo e referenciais gerenciais da presidenta da República. Dilma Rousseff, enquanto ministra, era o centro da divergência com os rumos dados pelo gestor Sérgio Gabrielli. Desde então ela já defendia a meritocracia e os demais valores gerenciais da engenharia. Para cumprir esse papel, foi nomeada a engenheira Graça Foster.

Com essas premissas, a nova presidenta revisou o plano estratégico da Petrobras, seus investimentos, com destaque para as refinarias no Nordeste, os contratos e implantou programas que desmobilizam ativos e reduzem o custeio de pessoal.

A OPORTUNIDADE

Portanto, não precisaria de muita ciência política para projetar que essa situação – que os classistas a encaram como disputa de rumos sob a consigna da unidade e luta – mais cedo ou mais tarde levaria a conflitos e contradições e exigiria dos trabalhadores e das trabalhadoras um enfrentamento mais incisivo.

Bem-vinda à greve nacional dos petroleiros do Brasil!

Mãos à obra!

Divanilton Pereira é membro da Secretaria Sindical do Comitê Central do PCdoB, secretário das Relações Internacionais da CTB, secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais da FUP e membro da direção do SINDIPETRO-RN