Quem pauta a categoria é a categoria










Terá sido mera coincidência que a Petrobrás, em um momento em que os trabalhadores pressionam gerências e a diretoria da empresa na luta por condições seguras de trabalho, faça uma generosa distribuição de abonos para os ocupantes de cargos de comando da companhia?

Sinceramente, não creio. Além de demonstrar que a empresa mantém a sua política de privilégio para alguns poucos, é como se precisasse sinalizar para a sua tropa que ela continua firme no apoio aos abusos que comete. É como se a Petrobrás dissesse à gerentada: “sigam adiante na política de produção a todo custo que a gente vai continuar premiando vocês e, não se preocupem, agente segura as pontas por aqui”.

Há ainda outro efeito desejado pela empresa quando distribui abonos deste modo: tentar pautar a categoria. Há anos os sindicatos petroleiros, especialmente o Sindipetro-NF, se empenham em conferir absoluta prioridade à luta pela segurança. Como mostrou levantamento recente feito nas capas do boletim Nascente, publicado no editorial “A construção de uma prioridade”, na edição 657, de julho de 2009 a junho de 2010 foram editadas 49 edições deste boletim. Destas, 29 (59%) tiveram como manchete o temas ligados à saúde e à segurança dos trabalhadores, seguido por acordo coletivo, o que também incluia temas ligados à segurança, com 15 edições (30%).

Os petroleiros não vão embarcar nesta estratégia da empresa, e continuarão priorizando o que realmente importa: a vida. O sindicato manterá a destinação da grande maioria das suas energias para a denúncia das condições inseguras de trabalho, para a cobrança do preenchimento correto das CATs, para a exposição das situações  de calamidade que se abatem sobre as plataformas e o terminal de Cabiúnas, para os pedidos de fiscalização e até de interdição.

Nada vai tirar o nosso foco da luta pela segurança. Quem pauta a categoria é a própria categoria.