A Confecom na batalha de ideias








Fruto da intensa pressão do movimento social, a Conferência Nacional de Comunicação a ser realizada de 14 a 17 de dezembro, na capital federal, desde já é um marco no longo e árduo processo de debate sobre a democratização da comunicação em nosso país.

 

Com imensa riqueza, esta rica e intensa construção democrática em que converteu-se a Confecom, envolveu de doutores, especialistas e estudiosos a operários, agricultores e peões de obra. Reuniu homens e mulheres, negros e brancos, jovens e idosos, que buscaram se apropriar do tema e contribuir, a partir das suas visões de mundo, para que a comunicação volte a cumprir sua função social. Ao conseguir coletivizar a compreensão de que esta é um bem público, um direito social, a Conferência já é um ganho.

 

A vitória, ainda que parcial, fica evidenciada pela intensidade dos debates nas suas etapas municipais e regionais, que apontam para um processo vivo, transformador, que descortina futuros.

 

Assim, ao ser assumida coletivamente pelas entidades populares, governos progressistas e empresários não-monopolistas, questões que até então eram propostas por alguns movimentos de abnegados, transformaram-se numa radiante bandeira no campo da batalha de ideias, que se espraiou pelo país.

 

A somatória de vozes tão diversas contribuiu para sepultar o discurso monocórdico de alguns barões da mídia, que se ausentaram da Confecom sob a alegação de que esta seria uma forma de cerceamento da liberdade de expressão. Com medo pânico do debate, pensavam em obstruí-lo com a sua ausência.

 

É inteiramente explicável a conduta mandonista. Ela já faz parte da sua roupagem, acostumados que estão ao “sim senhor” eterno. Agiram como sempre, na ânsia de calar o contraditório. Enganaram-se com o tamanho do “problema” que, para sua desgraça, só tende a crescer. Na última semana, somou-se à sucessão de tristes exemplos de má-fé, desinformação e análises tendenciosas uma asquerosa matéria veiculada pelo jornal Folha de S.Paulo, de achincalhe do presidente Lula. 

 

Assinada pelo mais novo colaborador da família Frias, César Benjamin, não há fatos ou fotos, mas doses cavalares de fel político e ideológico. Inconformada com a popularidade do presidente, a Folha arregimenta incautos e ressentidos para repercutir a sua linha editorial difamatória. Desesperada frente à goleada imposta pela realidade, vê na mentira virtual uma chance de empatar o jogo. Em meio à imundície em que se vê mergulhada, tenta ganhar no tapetão. Esqueceu que ele já foi jogado no lixo, junto com o governador Arruda, ex-vice de Serra.

 

Episódios como este reafirmam nosso compromisso de que a comunicação deve ser um direito público, regrada por dispositivos legais que assegurem sua liberdade, a fim de que a verdade não seja seqüestrada ditatorialmente por elites políticas e econômicas que, historicamente, têm subordinado a educação, a formação, a cultura popular e o interesse nacional à lógica neoliberal do cifrão.Com esta compreensão, defendemos o fortalecimento da rede pública de comunicação; canais e tevês comunitários para os movimentos sociais; redes de internet banda larga públicas, disseminadas pela Telebrás; horário sindical gratuito – a exemplo do horário eleitoral; dotações orçamentárias que sirvam para abrir espaço à multiplicação de vozes, ao contrário de verbas publicitárias que só servem para disseminar mais do mesmo, a partir de excludentes critérios mercadológicos. Falta pouco para a Conferência, que precisa muito da nossa energia nesta reta final. Viva a democracia! No país e na comunicação!