A luta pela construção de um outro mundo, mais do que possível, é urgente, decisiva para garantir a preservação do planeta e a própria existência da Humanidade. Não há nada de apocalíptico nesta convocação do Dia de Mobilização e Ação Global, que será realizado no próximo sábado, 26 de janeiro. É uma constatação do que lemos, vemos e sentimos nas ruas: violência, exploração, pobreza, fome, devastação ambiental e negação de direitos.
É claro que a grande imprensa, como reprodutora da ideologia dominante – inteiramente submissa às transnacionais e ao sistema financeiro, seus grandes anunciantes – tenta cotidianamente mascarar o crescimento destas chagas de um sistema em decomposição, procurando anestesiar a população para que não se insurja contra o que considera a ordem natural das coisas. "Quem tem poder, manda; quem tem juízo, obedece", martelam dia e noite os rádios, tevês e jornais, interessados na manutenção da ditadura do cifrão.
A CUT e a Coordenação dos Movimentos Sociais se somaram à convocação feita pelo Fórum Social Mundial justamente para se contrapor à lógica dos senhores da guerra, da sangria econômica, da privatização, da pilhagem das riquezas das nações e dos povos, que se reunirão em Davos para tentar que nada mude.
O nosso compromisso é com o mundo real, tem os pés no barro, sofre com o abandono das grandes periferias, com a violência fardada, com todos os tipos de discriminação. A nossa identidade é com a paz, a justiça, o desenvolvimento e a soberania nacional.
Por isso, no próximo sábado, 26 de janeiro, no Brasil e em mais de 90 países do mundo, tomaremos as ruas pelo presente e o futuro das novas gerações. Assim como nas mobilizações contra a guerra de Bush ao Iraque, vamos unificar nossas bandeiras em solidariedade ao povo palestino, sob cerco das tropas naziisraelenses; em defesa da soberania dos povos venezuelano e boliviano, sob ataque do governo dos EUA e das suas oligarquias vende-pátria; pelo direito de todos os povos do mundo, de todas as cores e raças, à sua auto-determinação.
No Brasil, o 26 de janeiro será um dia para os movimentos sindical, social e estudantil amplificarem a luta pelas reformas agrária, urbana, tributária, política e da educação, que ampliem direitos, garantindo o controle social sobre o Estado. Somos contra o corte de investimentos públicos e favoráveis ao corte no superávit primário, que sangra o país em mais de uma centena de bilhão de reais a cada ano para satisfazer a boa vida de uma pequena casta de especuladores. Voltaremos a reivindicar a imediata anulação do leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce e o fim dos leilões das bacias de petróleo e gás, com o Estado retomando o seu papel no desenvolvimento, fazendo frente aos desmandos e abusos das transnacionais.
Como disse o poeta, um mais um é sempre mais que dois. Façamos ecoar neste sábado a voz dos que não tem voz, mostrando força e confiança no novo mundo que, com a nossa unidade e mobilização, começa a surgir.