No último dia 13, mais um grave vazamento de benzeno na Rlam colocou em risco os trabalhadores durante a Parada de Manutenção da U-30/31. Foram mais de 48 horas de exposição ininterrupta ao produto. A Petrobrás ainda tentou encobrir o acidente, alegando que o gás que vazou foi nitrogênio, sem toxidade. Mas, o Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) realizou uma inspeção criteriosa na U-30/31 e confirmou que houve, sim, vazamento de benzeno. O Cesat notificou o gerente geral da refinaria, Cláudio Pimentel, sobre o risco de contaminação nas instalações, cobrando providências imediatas para garantir a saúde dos trabalhadores. Nesta sexta-feira (20), a Rlam sofrerá uma nova inspeção, desta vez feita por técnicos da Superintendência Regional do Trabalho.
Técnicos do Cesat vistoriam a Rlam
Durante o acidente, houve rompimento da linha subterrânea de drenagem dos principais equipamentos da unidade para o F-3030, gerando um vazamento ainda maior de benzeno, com contaminação do solo e subsolo. Contrariando as recomendações da Segurança Industrial, a gerência da Rlam continuou expondo os trabalhadores ao agente cancerígeno e só autorizou a parada da drenagem mais de 10 horas após o rompimento da linha.
Irresponsabilidade da gerência amplia risco de contaminação
Apesar da gravidade dos fatos, os gestores da refinaria permitiram a execução de um serviço de escavação no local para identificar os pontos de vazamento. O trabalho foi feito por seis operários terceirizados, alguns sem qualquer tipo de proteção respiratória e com outros EPIs inadequados, como botas de couro e roupas de tecido. Esses trabalhadores foram expostos a um ambiente contaminado com uma concentração de 5,15 ppm!
Não bastasse esse absurdo, a gerência da Rlam ainda autorizou a limpeza com vapor dos equipamentos da U-30/31, operação que foi feita na madrugada do dia 19, contaminando todo o ambiente em torno da unidade. Essa decisão irresponsável dos gestores da refinaria causou a exposição de trabalhadores a concentrações de até 7 ppm de benzeno, o que obrigou a evacuação de três unidades de processamento.
Sucateamento e redução de custos
O Sindipetro-BA foi informado pelos trabalhadores de que a mesma linha subterrânea de drenagem que se rompeu já tinha novo projeto desenvolvido pela Engenharia desde 2005. Mas, para economizar, a Rlam preferiu manter mais de mil trabalhadores expostos ao benzeno, produto comprovadamente cancerígeno e que já fez várias vítimas na refinaria. Um dos trabalhadores da U-30/31 já havia sido contaminado e está internado em São Paulo.
No dia 21 de março, a Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) realizou uma visita técnica na Rlam, onde constatou uma série de irregularidades e ficou estarrecida com o sucateamento dos equipamentos e a grave situação de risco dos trabalhadores.
Benzeno mata!
No dia 05 de julho, João Dionísio Neto, técnico de operação da UO-BA que atuava no Campo de Miranga, morreu vítima de leucemia, após lutar sozinho por mais de sete meses contra a doença, adquirida em exposição crônica ao benzeno, nas atividades que desempenhava em poços de petróleo.