O trabalho dos Comitês será essencial para o resgate das bases e a construção de um Brasil melhor e mais justo
[Da redação da CUT]
O papel dos Comitês Populares durante a campanha eleitoral de 2022 foi importante não só para unir e organizar a militância, mas, principalmente, para retomar o trabalho de conscientização das bases da sociedade civil. Os Comitês se espalharam por todo Brasil e também em vários países do exterior.
No último 19 de novembro foi realizado, em Brasília, o II Encontro dos Comitês Populares de Luta do Distrito Federal. A avaliação foi que a atuação dos Comitês durante a campanha foi decisiva para conquistar mais de 200 mil votos para Lula no segundo turno no DF.
Em Portugal, por exemplo, onde os Comitês Populares também foram muito atuantes, Lula venceu com 64% dos votos. Se levarmos em consideração que em 2018 Bolsonaro venceu com os mesmos 64% dos votos, contra 35% de Fernando Haddad, não restam dúvidas de que o trabalho desenvolvido pelos Comitês Populares foi fundamental para a vitória de Lula.
A pergunta que fica é: a partir de agora, qual será o papel dos Comitês Populares?
No cenário atual, com o acirramento da polarização e o crescimento de atos antidemocráticos, a tarefa dos Comitês, de trazer conscientização e participação popular na política do país, será árdua e também essencial para que o Brasil possa retomar as políticas de distribuição de renda e justiça social que vinham sendo implementadas durante os 14 anos de governo do PT.
A consciência de que ainda vamos viver um momento de muita disputa na sociedade e no governo é consenso entre os articuladores dos Comitês Populares. Para Sônia Braga, da Secretaria de Organização do PT, o partido precisa investir nesses núcleos.
“Muitas trabalhadoras e muitos trabalhadores foram ganhos por essa ideologia fascista encampada pelo bolsonarismo. Então, nós temos muito o que fazer, debater, conversar e dialogar. E os Comitês Populares têm essa capacidade porque reúnem gente de todas as forças, partidos e organizações, sem estarem vinculados a um determinado padrão de instituição. Para mim, os Comitês Populares são fundamentais. Nós, enquanto PT, temos que investir neles”, avalia.
Sônia também ressalta a necessidade do trabalho olho no olho com a população. “Temos que dialogar muito. Por mais que as redes sociais para a sociedade de massas sejam importantes, desde que nós nos entendemos humanos é olho no olho – interagir sentindo a reação imediata. Compartilhando, se reunindo, aprendendo com o outro e trocando as experiências, lutas, os sofrimentos e as alegrias também, evidentemente, sempre.”
O dirigente do MST, João Pedro Stédile, alerta para a necessidade dos Comitês Populares desenharem novas formas de participação popular no governo. Lembrando que o próprio presidente Lula já declarou que não pretende apenas governar para o povo, mas, sim, com o povo. Stédile destaca que desde que surgiram no início do ano, os Comitês Populares têm um caráter de organização plural e permanente como forma de participação política do povo na luta de classes.
“Estamos agora diante de um desafio monumental: organizar o povo, atuar nas periferias, no interior do país e fazer com que os Comitês sejam uma espécie de fermento na massa das lutas populares. Esse será o desafio político dos Comitês.”
Outro desafio colocado pelo dirigente, é que os Comitês consigam chegar aos corações das pessoas através dos meios culturais. Além disso, ele aponta para a necessidade de uma comunicação permanente nas redes sociais, assim como em outros meios de comunicação, como as rádios comunitárias e jornais de bairro, para fazer a luta ideológica na sociedade.
O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, também avalia que os Comitês Populares serão essenciais para mobilizar não apenas a militância, mas toda a sociedade, na construção de um país melhor e mais justo.
“O aprendizado e a experiência acumulados através do trabalho dos Comitês Populares nesta jornada se tornaram muito valiosos porque representam um salto organizativo”, afirma Nobre. Segundo ele, é fundamental e prioritário para a CUT dialogar com milhões de pessoas em todo o país para além de suas bases.
“Os Comitês de Luta também serão fundamentais na tarefa de pressionar parlamentares pelas pautas de interesse da classe trabalhadora. Essas seguirão sendo as tarefas dos Comitês, porque temos muitos desafios pela frente, tanto para resgatar, quanto para conquistar mais direitos. Os Comitês Populares refletem o tamanho, a unidade e a organização da nossa militância que teima sempre, por isso vencemos”, finalizou.