Nos tempos mais difíceis é que a união e determinação de trabalhadores mais se destaca. Assim tem sido com a categoria bancária, que nesta segunda-feira, entrou em seu 21° dia de greve. Até esta segunda-feira (26), segundo a Contraf-CUT, 13,420 agências e 33 centros administrativos paralisaram suas atividades em repúdio ao descaso dos banqueiros.
Mas, afinal, de quem é a culpa da greve? Antes de criticar os trabalhadores pela paralisação é preciso colocar-se no lugar de cada bancário.
Apesar de os donos dos cinco maiores bancos (Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, BB e Caixa) terem um lucro de R$ 69,8 bilhões em 2015, a proposta dos patrões é de 7% de aumento.
Como a inflação aferida entre julho de 2015 a junho de 2016 ficou em 9,62%, a perda salarial é de 2,39%.
Quem gosta de ter o salário reduzido, ainda mais quando o patrão tem altos lucros? O setor bancário é o mais lucrativo do mercado e, teoricamente, o que mais tem condições de oferecer reajustes honestos aos trabalhadores. No entanto, se nega e ainda propõe perda salarial. De quem é a culpa da greve? A reposta é óbvia. E há quem teime em dizer que o trabalhador bancário é “privilegiado, ganha bem, trabalha em locais iluminados, bem instalados, com ar-condicionado, etc”. Essa é a retórica dos banqueiros ao descrever o trabalho bancário.
Privilegiados?
Presidente da Contraf-CUT, Roberto Von de Osten desconstrói essa lógica, facilmente: “Os bancos não dizem à sociedade que a categoria bancária é a que mais adoece, segundo dados do INSS; que os bancários são diariamente torturados com cobranças de metas abusivas; que sofrem assédio moral”. Trabalhadores bancários tem que “vender” produtos aos clientes como títulos de capitalização, seguros e financiamentos. E o bancário sabe muito bem o que sofre com isso. O terror é duplo já que existe o medo de ser demitido ou ainda a humilhação pelo não cumprimento da meta. Medo, stress e síndrome do pânico são algumas das consequências listadas por Von Der Osten. Sem contar o risco de assaltos, violência, não só no local de trabalho, mas na extensão à família. E salário alto é só questão de referência. O salário do bancário não é alto. É fruto de uma história de luta de uma categoria organizada que tem conquistado direitos, mas que todo ano, impreterivelmente, os bancos tentam retirar.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) atendeu, nesta segunda-feira (26), à solicitação feita pelo Comando Nacional dos Bancários e confirmou uma nova rodada de negociações para esta terça-feira (27), às 14h, em São Paulo.
Na sexta-feira, o Comando enviou um oficio à Fenaban para solicitar a volta das negociações da Campanha Nacional 2016. No texto, o Comando reforçou que, como os dirigentes sindicais estariam reunidos em São Paulo, na sede da Contraf-CUT, eles se colocavam à disposição para a retomada dos temas tratados na mesa de negociação.
VIA CUT