20 de novembro: um marco para a população negra

Maria Regina Teodoro, secretária de Promoção da Igualdade Racial da Contracs

Sabemos que homens e mulheres negros, desde 1910, se organizam para lutar no combate ao racismo no Brasil. Como fruto deste movimento nasce a imprensa negra paulista que, mais tarde, propicia o surgimento de um dos movimentos afro-brasileiros de caráter nacional mais importantes, a Frente Negra Brasileira, que atuou de forma destacada na luta contra a discriminação racial e sendo responsável pela inclusão de negros na Força Pública de São Paulo.

Na luta de combate ao racismo, uma das formais mais utilizadas foi o resgate da história cultural do povo negro através das manifestações culturais como o jongo, a capoeira, o samba de roda e as danças tradicionais de terreiros. No decorrer do tempo, as manifestações culturais como as festas black e a musicalidade da música negra americana proporcionaram aos jovens uma visão de empoderamento e busca pela ocupação do espaço. Através de manifestações culturais surgiu o despertar de como buscar caminhos e ocupar os espaços que eram negados aos negros na sociedade brasileira.

Na década de 1990, o movimento sindical se apropria da questão racial. Durante seu 5º Congresso, a CUT reconhece a importância da temática racial para a organização dos trabalhadores. Neste mesmo período, outras centrais também se engajaram e, juntas, instauraram o Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Social (INSPIR), que ainda incluiu a participação de organizações internacionais como a AFL-CIO e a ORIT.

A Contracs – Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços, fundada em 1990, sempre pautou pela coerência na luta em defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras direcionando seus objetivos na perspectiva de combater toda e qualquer discriminação seja no mundo do trabalho seja na sociedade.

No entanto, a construção de políticas de combate ao racismo é um debate recente na entidade. Com secretaria específica criada no 7º Congresso, em 2008, a Contracs reiterou a importância da temática durante sua 1ª Plenária Nacional, em 2012, ao deliberar mais ênfase à temática e propondo diretrizes para a política de combate ao racismo no ramo.

Neste triênio, a Contracs definiu a ampliação das ações na promoção da igualdade racial, que devem investir na formação e na capacitação de dirigentes sindicais que se comprometam e promovam o debate nos sindicatos e locais de trabalho. Como estratégia principal, a Contracs ainda deliberou a consolidação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial para enraizar a temática.

Em 2012, empoderados de conhecimento, de conquistas de políticas públicas, da união dos movimentos negro, sindical e popular, buscamos vencer mais esta fase da história na busca da construção da igualdade racial e de uma sociedade igualitária entre negros e não-negros em nosso País.