Além do pastor, terceira mesa da Plenária da FUP contou com a participação da socióloga da Fundação Perseu Abramo, Jornada Dias Pereira
[Por Andreza de Oliveira, da imprensa do Sindipetro SP]
Nesta sexta-feira (13), na terceira rodada de conversa da 10ª Plenária da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o pastor Henrique Vieira e a socióloga da Fundação Perseu Abramo, Jordana Dias Pereira, conversaram com os petroleiros e dirigentes sindicais sobre estratégias de mobilização por meio de valores presentes no dia a dia dos trabalhadores, incluindo a religiosidade.
Mediada pela diretora da FUP e do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Cibele Vieira, e pelo também diretor da FUP e do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro Caxias), Marcello Bernardo, o debate buscou apresentar como deve ser feita a mobilização, neste ano eleitoral, da parcela brasileira menos politizada.
Fruto de parceria da Vox Populi com a Fundação Perseu Abramo, a pesquisa apresentada por Jordana Dias Pereira mostra várias percepções da sociedade não polarizada do Brasil. “É um diagnóstico de parcela do eleitorado que não está nem com Lula, nem com Bolsonaro. Nosso objetivo do estudo foi aprofundar o debate sobre essa parcela e reunir informações para atualização do projeto político do Partido dos Trabalhadores (PT)”, afirmou.
Segundo a pesquisadora, essa parcela não polarizada representa de 30% a 40% da população brasileira e a pesquisa foi realizada em todas as regiões do país, com participantes de diversas profissões.
Uma das percepções de Pereira foi que a maioria dos entrevistados se identificou como trabalhador como um adjetivo para quem batalha, mas sem um entendimento do que é uma sociedade de classes. Os participantes também se enquadraram em três categorias: pobre, classe média ou rico.
“Essa pesquisa funcionou como um diagnóstico para sabermos quais brechas podemos utilizar para ter um diálogo mais fluido e conquistar essas pessoas para disputar esses valores dos nossos lados”, explicou a socióloga.
Um dado interessante apontado pelo estudo foi que o conservadorismo não é linear nos diversos assuntos. “Tinha gente que achava que bandido bom é bandido morto, mas que também achava que tinha que liberar todas as drogas”, relatou.
Já o pastor Henrique Vieira iniciou o bate-papo afirmando que é necessário que todo projeto considere a religiosidade se a intenção for ser popular. “Na luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, precisamos entender que a dimensão da espiritualidade é muito pulsante e presente na vida, na resistência e na esperança do nosso povo que todos os dias tá aí lutando pra sobreviver com dignidade e sobreviver com plenitude”, disse.
Para ele, o fundamentalismo tem uma marca de rejeição à diversidade e o extremismo é o projeto de poder para se apropriar do Estado e da violência direta ou indireta contra outras expressões religiosas. “Esse é um projeto de poder perigoso que não respeita a diversidade para impor à sociedade uma determinada moral religiosa, sem respeito à diversidade e à democracia”.
Representando a maior religião brasileira, o campo evangélico continua crescendo e, para Vieira, é uma falácia acreditar que todo evangélico é conservador. “A maior parte dos evangélicos é de mulheres, negras e trabalhadoras, não cabe preconceito e rejeição porque é um povo em sua maioria desigual”.
Na visão do pastor e militante, mobilizar a diversidade para transformar o Brasil significa compreender a expressão religiosa como parte da vida do povo trabalhador e combater o extremismo conservador. “Jesus foi torturado, então não faz sentido estar ao lado daqueles que torturam ou elogiam torturadores”, afirmou.
No fim da apresentação, foi aberto um espaço para perguntas e respostas com os participantes da live. Para quem quiser acompanhar a discussão na íntegra, acesse o link: