Já são mais de 100 dias, mas não importa. Vamos falar do tema agora – nem sempre nosso calendário deve ser o mesmo do noticiário.
O episódio da votação do salário mínimo, interpretado precipitadamente pela imprensa como uma espécie de afastamento de Dilma para conosco, provou que nosso papel social, como propositores e intrumento de pressão por mudanças, foi plenamente respeitado.
Fomos ouvidos pelo governo, o que confirma uma relação que foi construída pelo antecessor Lula e nós. Nos períodos anteriores da chamada Nova República, esse diálogo praticamente não existia.
E por fim, a política de valorização permanente do salário mínimo, ação política construída pela CUT com a participação das demais centrais, virou lei, a despeito de o Congresso ter resistido à ideia durante todo o segundo mandato de Lula.
Disse desde o início que isso foi uma vitória – falo da aprovação da lei, não do valor para o mínimo em 2011, item em que fomos derrotados.
No episódio da crise no canteiro de obras das usinas de Jirau e Santo Antonio, o governo da presidenta Dilma veio até nós por reconhecer de maneira clara qual o interlocutor para esse tipo de questão. Foi duramente cobrado por não nos ter ouvido desde nosso primeiro de uma série de alertas sobre as obras do PAC, iniciada em 2007.
Os problemas mais imediatos que fizeram a crise eclodir em Rondônia foram superados pela ação política e sindical que operamos em conjunto. Mas os problemas que os trabalhadores da construção civil enfrentam em todo o País continuam.
A elaboração e entrada em vigor do acordo coletivo nacional da construção civil, sobre o qual trabalhamos agora, em conjunto com o governo e os empresários do setor, vai ser outro marco importante do governo Dilma na relação com o movimento sindical.
Lacunas sérias continuam, e vamos continuar pressionando. Redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salários; regulamentação da Convenção 151, cuja lei complementar depende em parte da ação do Executivo; redução drástica da taxa básica de juros; fim do imposto sindical, que depende do envio, por parte da Casa Civil, de projeto ao Congresso; exigência de respeito integral aos direitos trabalhistas para todos os projetos que tomarem financiamento público são, entre outras, pendências que vamos cobrar.
Mas, ao contrário da torcida da oposição e de parte da imprensa, Dilma, embora menos expansiva que Lula, mostra compreender a importância de fortalecer o diálogo com o movimento sindical e com o movimento social.