1º de abril: o dia da mídia venal e a blindagem de Serra







“O "bota-fora" do governador de São Paulo, José Serra (PSDB),  realizado  pelo conselho do Sistema de Negociação Permanente (Sinp), entidade que congrega 42 sindicatos do funcionalismo público do Estado, tem como líder Carlos Ramiro de Castro, petista histórico e suplente do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Ele classifica o governo paulista como "autoritário" e nega que o "bota-fora" tenha cunho eleitoral”.

Este é o abre da matéria “Suplente de Suplicy lidera ato contra Serra em SP” publicado pelo jornal O Estado de São Paulo em sua edição de 31 de março. Nas edições desta quinta-feira, 1º de abril, a artilharia serrista nos jornais das famílias Mesquita e Frias se repete, reduzindo à insignificância a mobilização ao fazer eco ao número de participantes divulgados pela polícia militar. A mesma que bloqueou a mando do governador não só as ruas de acesso ao Palácio dos Bandeirantes, como as estradas de acesso à capital, que abusou da artilharia com balas de borracha, spray de pimenta e de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra professores e estudantes que buscavam a abertura de negociação.

Na semana passada, descobrimos policiais à paisana infiltrados em ônibus e na própria manifestação para tentar criar conflito e carimbar o rótulo de agressores nas vítimas. É uma prática marginal, que remonta aos tempos da ditadura. Tal comportamento, que ultrapassou todos os limites ao usar da tortura dentro de uma viatura da PM, como denunciado pelo policial civil Jeferson Cabral, de Taubaté – que levou o crime à Corregedoria da Polícia – não vira notícia. Para blindar Serra vale tudo. Sem ela, ficaria impossível ao governador sequer iniciar a caminhada rumo ao Planalto.

Quando um sindicalista assume uma posição político-partidária, como foi inclusive a trajetória do presidente Lula, passa a ser estigmatizado pela mesma mídia que cultua e vê com naturalidade a candidatura de um presidente da Fiesp, por exemplo. É o clássico dois pesos e duas medidas: um para os representantes do trabalho, que insistem em ampliar direitos e conquistas, democratizar as relações; outro para os donos do capital, que tentarão fazer do amanhã uma eterna repetição do hoje, o mais piorada possível.

Daí o pânico dos jornalões e das grandes emissoras de rádio e televisão das definições aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e da disposição do presidente Lula de transformar essas propostas em Consolidação das Leis Sociais para que virem política de Estado mais do que de governo.

Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresa e fogem como o diabo da cruz “de mecanismos de fiscalização, com controle social e participação popular, em todos os processos como financiamento, acompanhamento das obrigações fiscais e trabalhistas das emissoras, conteúdos de promoções de cidadania, inclusão, igualdade e justiça, cumprimento de percentuais educativos e produções nacionais”. Execram a “criação de Conselhos de Comunicação nos âmbitos federal, estaduais e municipais de caráter paritário, com membros eleitos e estrutura de funcionamento para que possa acompanhar a execução das políticas públicas, que garantam o efetivo direito humano à comunicação”. Não querem nem saber de “regulação de conteúdo, políticas de concessões e mecanismos de distribuição” ou de “regulamentar a proibição a monopólios e oligopólios, prevista no artigo 220 da Constituição Federal, constituindo mecanismos para evitar a concentração”.

São movidos pelos interesses maiores do caixa, transformando a comunicação e a informação em mercadoria, mera extensão do departamento financeiro das suas empresas, agredindo a verdade, criminalizando os movimentos sociais, transformando boato em fato, desconstruindo os valores da solidariedade e do coletivismo para afirmar a ideologia neoliberal do salve-se quem puder, do egocentrismo e da idolatria ao deus mercado.

Queiram ou não estes senhores, o movimento dos professores entra na sua quarta semana elevando o tom da denúncia contra o projeto de desmonte da educação pública implementado pelo senhor José Serra e por tudo o que significa de devastador para o presente e o futuro das novas gerações.

Quantas vezes você viu na chamada “grande imprensa” que o número de professores temporários – submetidos a contratos precários – já é de 113.242, quase a metade da categoria? Que os professores estão buscando tão somente a recomposição das perdas inflacionárias desde 1998, que já alcançam 34,3%? Que existem recursos para o aumento, mas que foram direcionados para a política de bônus na ânsia de dividir a categoria, com efeito negativo sobre a qualidade do ensino? Que as salas estão superlotadas com mais de 50 alunos, enquanto fecham-se escolas e turnos? Que, quando existem, laboratórios e bibliotecas estão jogados às traças sem equipamento ou atualização? Que a insegurança é uma constante dentro das unidades de ensino?

Já dizia minha avó que contra fatos não há argumentos. A mídia venal converteu o 1º de abril no seu dia. Mobilizando as consciências e ganhando as ruas, furaremos a blindagem de Serra.

Até a vitória!