A diretoria da Federação Única dos Petroleiros (FUP) está longe do otimismo em relação ao que espera para a Petrobras em 2017, sob a gestão do tucano Pedro Parente. “Estamos pessimistas com esse ano que começa. Pelo que temos visto, eles vão acelerar o processo de venda de ativos, o que para nós é muito preocupante, porque a empresa vai sofrer um grande baque numa de suas maiores características: o fato de ser uma empresa de petróleo integrada”, diz o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Segundo o dirigente, um dos principais objetivos da atual diretoria da estatal é consolidar parcerias nas refinarias, o que também preocupa os petroleiros. Exemplo disso é a movimentação no sentido de uma parceria com a empresa francesa Total, que passaria a operar parte da refinaria Landulpho Alves, na Bahia. Os executivos franceses tinham a intenção de visitar as instalações da refinaria nesta segunda-feira (16), mas o Sindicato dos Petroleiros da Bahia fez uma grande mobilização numa localidade chamada Trevo da Resistência, o que impediu o acesso dos executivos às instalações da refinaria.
“Uma grande manifestação do Sindipetro Bahia e de trabalhadores próprios e terceirizados da Refinaria Landulpho Alves, do Temadre e da Termelétrica Celso Furtado, além da coordenação e direção da FUP e da CUT, mudou nesta segunda-feira, 16, os planos de executivos da multinacional Total e da Petrobras”, diz o sindicato em seu site.
“O ato foi contra o desmonte e a privatização do Sistema Petrobras e teve o objetivo de informar, denunciar e protestar contra a entrega das Termelétricas Celso Furtado e Rômulo Almeida, Terminal Marítimo de Madre de Deus e Refinaria Landulpho Alves à Total”, acrescenta a entidade. A Total controla 20% do campo de Libra, em negócio fechado no leilão promovido em 2013. Em outubro de 2016, a Petrobras e a Total assinaram memorando prevendo entendimento para a exploração dos segmentos de exploração e produção e de gás e energia.
“Vamos tentar fazer a resistência no sentido de toda a população entender os prejuízos que vai ter com esse processo de desmonte da Petrobras”, afirma Rangel.
A companhia brasileira vendeu, em julho de 2016, por US$ 2,5 bilhões, sua participação de 66% em Carcará, considerada uma “joia da coroa”. O preço é considerado irrisório. Na época, a Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) classificou a operação do governo Temer como “crime de lesa-pátria” e entrou na Justiça para tentar anular a venda, afirmando que o negócio “é como vender por um milhão uma casa que vale 15 milhões”.
Rangel criticou também a política de preços da Petrobras. “A política de preços que está sendo praticada é um desastre para a sociedade. Nas duas vezes que anunciaram redução na refinaria, não se viu traduzir na bomba. Mas quando anunciaram o aumento, obviamente os revendedores aumentaram na bomba”, diz o coordenador da FUP.
Rede Brasil Atual