Ataques da Lava Jato à Petrobras destruíram a economia e aumentaram o desemprego

Operação foi forjada para desmontar a indústria petrolífera nacional. Não por acaso, tiraram da Petrobrás a exclusividade na operação do pré-sal e estão privatizando a empresa. Estudo do Dieese reforça denúncias que a FUP vem fazendo há sete anos, ao mensurar que, somente no setor petrolífero, o pais deixou de receber cerca de R$ 104,3 bilhões em investimentos durante esse período, o que contribuiu para o aprofundamento da crise econômica

[Da redação da CUT]

Uma das funções da Operação Lava Jato, comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, do Paraná, foi destruir a Petrobras, a maior empresa estatal brasileira, para atender a interesses estrangeiros sobre o petróleo brasileiro e isso contribuiu muito para a destruição da economia do país.

O caos econômico vivido pelo Brasil nos dias de hoje, portanto, é, em parte, herança da operação Lava Jato, encerrada em fevereiro deste ano. Esta é uma das conclusões do estudo “Implicações Econômicas Intersetoriais da Operação Lava Jato”, realizado pelo Dieese, a pedido da CUT.

A principal consequência da operação, que focou nos CNPF e não nos CPF, para o setor de petróleo e gás foi uma mudança no perfil da empresa, que antes de perder os investimentos que recebia, trilhava o caminho do desenvolvimento, da tecnologia, para impulsionar o crescimento econômico do país, por meio de sua cadeia de produção.

“A Petrobras, assim como o setor de construção civil, foi dizimada pela Laja Jato”, diz o presidente da CUT, Sérgio Nobre, se referindo aos cortes bruscos dos recursos aplicados, um dos efeitos da operação.

A estatal, então, passou a ser apenas uma empresa de prospecção de petróleo, favorecendo seus acionistas, se tornando um negócio para gerar lucro aos rentistas e deixou ter um papel social para o país.

“Caminhávamos para ter uma empresa integrada, ter soberania nacional na produção, ter uma política em que os investimentos alavancavam outros setores nacionais a partir da política de conteúdo nacional. E tudo ficou comprometido”, diz Adriana Marcolino, técnica da subseção do Dieese da CUT Nacional.

De acordo com ela, mudar as diretrizes e a direção dos investimentos na Petrobras foi um ambiente criado a partir de interesses internacionais e isso gerou os impactos negativos sentidos até hoje, como o preço alto dos combustíveis, que explodiram depois do golpe – o litro da gasolina é vendido por até R$ 8,20 em algumas regiões do país. 

“Tudo de positivo que os investimentos na Petrobras poderiam gerar, inclusive em outros setores, foi cortado e a estatal se tornou uma empresa baseada na extração, sem estratégias para o desenvolvimento e dirigida à privatização”, afirma Adriana.

Desde a descoberta do Pré-Sal, durante o governo Lula, o presidente que mais investiu na Petrobras na história do Brasil, ano após ano, o país aumentava o montante de investimentos na estatal. Pulou de cerca de US$ 8 bilhões em 2006 para US$ 48 bilhões em 2014, ano em que começaram as investigações da operação e a paralisação das atividades de várias empresas de vários setores, em especial da construção civil e na Petrobras, alvo principal da operação.

Por causa do espetáculo promovido por Moro e pelos procuradores do Ministério Público, mais interessados em holofotes do que no real combate à corrupção, começava  a destruição do que a Petrobras representava ao Brasil. Com isso, toda a cadeia produtiva sofreu duramente por causa das ações midiáticas da ‘República de Curitiba’.

Em 2017, os investimentos já haviam caído para cerca de R$ 13 bilhões e no ano passado, o número fechou no mesmo patamar de 15 anos atrás – US$ 8 bilhões.

Somente no setor petrolífero o pais deixou de receber cerca de R$ 104,3 bilhões em investimentos durante o período. Se somado ao setor de construção civil (67,8 bilhões), o total de investimentos não realizados no país chega a R$ 172,2 bilhões.

Adriana Marcolino explica que esse valor poderia ter gerado um incremento de 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2014 a 2017 e “possivelmente em 2018, já teríamos compensando a queda do PIB em 2015 e 2016, o que teria ajudado a superar a recessão”.

“O que a gente vive hoje é reflexo da Lava Jato e a falta de investimentos na Petrobras. Teríamos chegada nessa crise 2020 em um cenário de problemas econômicos e sociais menores”.

E os efeitos recaem também sobre outros setores. A Petrobras demanda insumos, recursos, serviços e produtos de outros segmentos da economia, que sentiram o impacto. “Se a Petrobras tem sua capacidade reduzida, outros setores deixam de prestar serviços a ela”, diz Adriana Marcolino.

Ela cita como exemplo a construção civil, setor em que pela paralisação de grandes obras como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), houve uma quebradeira generalizada. “Outras empresas, contratadas, terceirizadas, também tiveram contratos cancelados e não receberam pagamentos por causa da investigação”, explica Adriana.

Providências

O estudo elaborado pelo Dieese tem como objetivo denunciar à sociedade o tamanho do estrago feito pela Lava Jato e subsidiar o debate sobre os interesses políticos por trás da operação.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, ao citar a destruição da Petrobras pela operação, questiona o porquê de não ter havido um controle das movimentações financeiras da estatal, já que para isso há métodos de eficientes pelo sistema financeiro.

“A gente pensava: como é que alguém consegue movimentar bilhões de um lado para outro, como diz a operação, e não tem banco envolvido?”

O presidente da CUT afirma que o ex-juiz Sérgio Moro disse na época que investigar o sistema financeiro implicaria em um risco de uma “crise sistêmica”, com efeitos colaterais em toda a economia, um cuidado que, de acordo com ele, não houve no caso da Petrobras.

E isso, diz, “no mínimo merece uma investigação porque ninguém, em lugar nenhum do mundo, destrói uma empresa como a Petrobras, sem servir a interesses econômicos estrangeiros, ou de multinacionais”.

“No capitalismo é assim. Quando você destrói um setor inteiro como esse, alguém ocupa”, pontua Sérgio Nobre.


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