Depois de entregar tudo, Parente valoriza o Pré-Sal

“Houve um certo endeusamento do Pré-Sal, quando temos em outras áreas da empresa campos excelentes, como na Bacia de Campos”. Esta foi uma parte do discurso que o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, fez em julho de 2016, sobre as pesquisas realizadas pela Estatal que levaram à descoberta das reservas.

Mas olhem a ironia. Passado um pouco mais de um ano, com o processo de entrega para as petroleiras estrangeiras em andamento, Parente mudou seu discurso. Agora, o Pré-Sal é valioso para ele.

Em entrevista realizada no último dia 21 ao jornalista Roberto D´Ávila, na Globo News, o entreguista afirmou que a descoberta das reservas do Pré-Sal foi fundamental para a sobrevivência da Petrobrás no mercado. A declaração foi feita em resposta a pegunta do jornalista se a empresa quebraria sem o recurso: “Eu não acredito que ela quebraria, mas ela estaria com problemas complicadíssimos na manutenção daquele nível adequado entre reservas e produção”, afirmou Pedro Parente.

E, pasmem, ele ainda elogiou o trabalho realizado no governo Lula: “o conjunto de geólogos, geofísicos e engenheiros da Petrobrás foram persistentes na sua avaliação de que ali deveria haver alguma coisa importante, foi por pouco”, declarou.

É muita cara de pau Parente mudar de opinião após o desmonte que ele ajudou a promover, ao defender a retirada da obrigação de participação da Petrobrás em todos os blocos do pré-sal, a aniquilação da política de conteúdo local e mudanças na lei para isenção e redução de impostos para as petroleiras estrangeiras, que, segundo recentes estudos, causarão, em 25 anos, perdas de R$ 1 trilhão ao país. O Pré-Sal que ele desdenhou agora é valioso. No leilão que ele defendeu que fosse realizado a toque de caixa, a Petrobrás adquiriu áreas ofertando 80% de óleo excedente para a União, enquanto Shell e BP adquiriram áreas ofertando o valor mínimo exigido pela ANP (11%). 

Lembrem que, ainda esta semana, o jornal The Guardian denunciou o lobby feito pelo governo britânico buscando obter vantagens para suas petroleiras, Shell, BP e Premier Oil.

E hoje Pedro Entreguista valoriza o Pré-Sal.

Nunca é por acaso.

As declarações de Parente desdenhando do Pré-Sal, em julho de 2016, aconteceram uma semana antes da votação do projeto de lei que tirou a obrigatoriedade da Petrobrás de participar de toda a exploração, abrindo o negócio a empresas estrangeiras.

Em julho, o governo Michel Temer vendeu a participação de 66% da empresa no Campo de Carcará por US$ 2,5 bilhões, valor considerado irrisório por geólogos de todo o Brasil.

FUP