No dia 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados Federais protagonizou um dos mais vergonhosos capítulos da história do nosso país, ao aprovar a instalação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, sob a falsa acusação de crime de responsabilidade, as supostas pedaladas fiscais, que meses depois foram liberadas para os exercícios seguintes.
Moralistas sem moral transformaram o Plenário da Câmara em uma arena, golpeando a democracia em rede nacional, em nome de Deus e de suas famílias, homenageando torturadores, criminalizando os partidos de esquerda e os movimentos sociais, em um espetáculo dantesco que indignou a nação brasileira.
Um ano depois, diversos dos parlamentares responsáveis por esse show de horrores estão mergulhados em escândalos de corrupção, enquanto a conta do golpe cada vez fica mais cara. O Brasil vive a maior crise política e institucional de sua história, com a economia em frangalhos e milhões de desempregados, a miséria e a violência crescendo em ritmo acelerado, programas sociais sendo desmontados, direitos trabalhistas e previdenciários em vias de serem extintos e a Petrobrás e o Pré-Sal, pilares do desenvolvimento do país, sendo entregues de bandeja ao capital estrangeiro.
A primeira grande conta do golpe paga pelo povo foi a abertura da operação do Pré-Sal, que deixou de ser exclusividade da Petrobrás, que também perdeu a garantia de participação mínima de 30% nos processos de licitação. Não por acaso, os golpistas colocaram na presidência da estatal Pedro Parente, o ex-ministro do apagão do governo FHC, que já chegou desdenhando do Pré-Sal e escancarando as reservas da empresa para as multinacionais.
Em um intervalo de seis meses, ele entregou parcelas preciosas de Carcará, Iara e Lapa, áreas do Pré-Sal que foram adquiridas pela Statoil e pela Total a preço de banana. O desmonte é tamanho que mais de 60% das sondas de perfuração que a Petrobrás tinha em 2013 já foram paralisadas, fazendo as reservas da empresa voltarem aos níveis de 15 anos atrás.
De apagão em apagão, Pedro Parente conseguiu até mesmo desmantelar a cadeia produtora nacional que era movimentada pela estatal. Além de priorizar as empresas estrangeiras nos processos de contratação, transferiu para o exterior as encomendas de plataformas e equipamentos. A política de conteúdo local, que já vinha sendo confrontada por ele, foi praticamente dizimada pelos golpistas, deixando um rastro de falências e desemprego pelo caminho.
Como nos anos 90, a prioridade voltou a ser o investidor estrangeiro. No feirão que o presidente da Petrobrás vem promovendo mundo afora, ativos estratégicos estão sendo doados à concorrência por preços irrisórios e, o que é pior, sem nem sequer licitação. Parente corre contra o tempo despejando no mercado de sondas seminovas, como a P-59 e a P-60, ofertadas por menos de 5% de seus valores, a campos de petróleo no mar e terra, unidades de refino, petroquímicas, usinas de biodiesel, empresas de distribuição de derivados, como a Liquigás e a BR, terminais e redes de gasodutos, como a NTS, responsável pelo escoamento de 70% do gás natural do país, que já foi arrematada a preços módicos por um grupo de investidores estrangeiros.
E assim, a Petrobrás e o Pré-Sal estão sendo doados ao capital internacional. É o script do golpe, que, desde o início, tinha por foco o petróleo brasileiro. Enquanto isso, o projeto nacional de soberania e de desenvolvimento econômico está novamente à deriva, comprometendo não só os investimentos e conquistas que tivemos nos últimos anos, como o futuro da nação. É a conta mais perversa do golpe.
Federação Única dos Petroleiros