Privatização da BR e da Liquigás acelera desmonte da Petrobrás

A Petrobrás já recebeu, no início desta semana, três propostas de eventuais compradores da BR Distribuidora. A transação, que envolve a transferência do controle da BR, ainda não está definida, mas segundo apurou o Relatório Reservado, a preferência da estatal estaria entre a GP Investimentos ou a Advent. Com sede na Suiça, a Vitol, uma das maiores tradings de petróleo e derivados do mundo, teve interesse em uma participação inferior a 49% da distribuidora, ficando fora da operação.

A entrega da BR já era uma ameaça pairando sobre a cabeça dos seus trabalhadores e trabalhadoras desde o ano passado, quando a negociação da subsidiária, que é líder do mercado nacional na venda de combustíveis no país, foi anunciada pelo Conselho de Administração da empresa, em 18 de agosto. A FUP e seus sindicatos denunciaram o início do desmonte do Sistema Petrobrás e começaram a construir a greve nacional justamente contra a venda de ativos da estatal.

Na época, o então representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, criticou a estratégia da empresa de reduzir sua participação direta na cadeia produtiva de energia, abrindo mão de fomentar um projeto de desenvolvimento da indústria nacional.

Avaliada em 10 bilhões de dólares, a BR Distribuidora tem cerca de 7.500 postos de serviços, constituindo a maior e única rede de postos de combustíveis que atende todo o território nacional. Além disso, a subsidiária conta com mais de 10 mil grandes clientes entre indústrias, termoelétricas, companhias de aviação e frota de veículos leves e pesados.

Liquigás no pacote de vendas

A Petrobrás também informou na quarta-feira, 15/6, a abertura do processo competitivo para a venda da Liquigás Distribuidora. Trabalhadores concursados da subsidiária estão preocupados com a notícia, já que não sabem se poderão ser absorvidos pela Petrobrás. Como sempre, a atenção da direção da empresa é fornecer informações ao mercado e deixar seus trabalhadores sem sequer a consciência de seus destinos.

Ainda esta semana (14/6), durante o protesto dos petroleiros, em Brasília, em defesa da Petrobrás e do Pré-Sal, a presidente do Sitramico-RJ, Lígia Arneiro Deslandes, falou sobre o processo em curso para venda da BR Distribuidora e da Liquigás, afirmando que a privatização irá estrangular a Petrobrás. “Como a Petrobrás vai botar nas ruas o que produz nas refinarias se vender a BR e a Liquigás? Não vai colocar, sabe por quê? Porque as distribuidoras multinacionais já compram lá fora e a BR, se for privatizada, vai fazer o mesmo”, alertou.

Presente em quase todos os estados brasileiros, a Liquigás conta com 23 centros operativos, 19 depósitos, uma base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados, com participação de 23% no mercado.

Pedro Parente e Temer têm pressa

Essas recentes notícias reforçam, mais uma vez, o que a FUP e seus sindicatos vêm denunciando, desde que Pedro Parente assumiu a presidência da estatal, no início de junho. Indicado pelo governo golpista e entreguista de Michel Temer, Parente veio para pisar no acelerador do processo de desmonte da Petrobrás e da retirada de direitos conquistados pelos petroleiros e petroleiras.

Temer e seus aliados piratas sabem de uma coisa: são interinos, ou seja, todos os cargos que atualmente ocupam foram usurpados e, como a trama do impeachment já está mais que exposta, pode ser que uma reviravolta não tarde a acontecer. Justamente por isso, a voracidade dos golpistas tem como alvo o Sistema Petrobrás, cuja privatização nem FHC, campeão dos entreguistas da história do Brasil, conseguiu fazer. Como precisa da “expertise privatista”, Temer juntou ao seu time a já conhecida privataria tucana: José Serra (atual ministro interino das Relações Exteriores) e ex-ministro do Planejamento de FHC e Pedro Parente que, também no governo FHC, chegou a aprovar, no Conselho de Administração da Petrobrás, a mudança do nome da empresa para Petrobrax, além de entregar 30% da Refap à Repsol.

Se Temer e Pedro Parente acham que ganharão a batalha, entregando ao mercado uma empresa fundamental para a economia brasileira como é a Petrobrás, provam que desconhecem a história de luta dos petroleiros. A greve de novembro de 2015 já demonstrou que a categoria não vai permitir nem o desmonte da empresa, nem a subtração de direitos conquistados com tanta luta.

Fonte: Stela Guedes para FUP