Insegurança: Petrobrás e Braskem compartilham da mesma política ineficaz de contenção

 

 

A política de contenção é a mesma.

O que muda é só o endereço.

Um incêndio atingiu na tarde desta quarta-feira (14.10) a unidade da Braskem PB, antiga PQU, localizada no Polo Petroquímico de Capuava, ao lado da Recap. Houve uma grande explosão na empresa, que formou chamas gigantes, com mais de 40 metros de altura. A Braskem declarou que “cinco pessoas que trabalhavam próximas ao local sofreram ferimentos sem gravidade, tendo sido encaminhadas para atendimento médico”.

Segundo informações obtidas pela direção do Unificado junto à diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC e a trabalhadores da Braskem, o incidente começou por volta das 16h30, com a ruptura de uma solda no quadrante superior da LT, linha de transferência de hidrocarbonetos superaquecidos dos fornos para a área de efluentes.

Nas conversas, os dirigentes do Unificado observaram, sem grandes surpresas, que a gestão da Braskem segue as mesmas políticas de contenção de custos e SMS adotadas pela Petrobrás. Uma dessas práticas é a redução na qualidade/quantidade das intervenções de manutenção. Para economizar, o número de manutenções preditivas e preventivas foi reduzido e, em alguns casos, praticamente extinto, mantendo-se apenas as corretivas.

Essa política, entretanto, não se mostrou eficiente. Pelo contrário, é apenas uma economia momentânea. O prejuízo com um equipamento ou uma planta parada pode gerar um custo mais alto do que seria o investimento em um planejamento de manutenção adequado e eficiente. “Ou seja, essa política de economia de palitos, além de ineficaz, coloca em risco a segurança e integridade das instalações e, principalmente, do trabalhador e da comunidade”, afirmou o coordenador da Regional Mauá do Unificado, Juliano Deptula.

Outra conduta da Braskem semelhante à da Petrobrás é a da subnotificação de acidentes. No site da empresa é divulgada a informação de “Incidente no Polo do ABC”. Mesmo tendo ocorrido explosão, seguida de incêndio, com cinco vítimas – felizmente, nenhuma fatal –, danos ao patrimônio e parada da unidade, a ocorrência é tratada como um mero incidente. “Essa é uma prática bem conhecida na Recap. Na ocorrência do S-571, quando uma falha mecânica gerou uma explosão seguida de incêndio, o equipamento levou mais de um ano e meio para voltar a operar e a refinaria se nega, até hoje, a reconhecer tal fato como acidente”, destaca Deptula.

Na opinião do diretor, essa prática de contenção de custos desenfreada adotada pelo mercado mostra, cada vez mais, o quanto ela é perigosa e que, no final, quem acaba pagando por ela é o trabalhador. “Quantas vidas mais terão que ser ceifadas para que isso mude? Quando será que os gestores irão perceber que cortar custos não está diretamente ligado à diminuição da segurança no local de trabalho? Por que, ao invés de reduzir custos que garantem a segurança do trabalhador e do local de trabalho, não se reduz a mordomia da gerentalha?”, questiona.

 

Fonte: Sindipetro Unificado de São Paulo