No inicio deste ano, a FUP tomou a decisão inédita de constituir um grupo de pesquisa com o objetivo de debater os rumos da indústria de petróleo e gás no Brasil e propor alternativas para que o setor volte a ser relevante para o desenvolvimento do país. A resposta aos ataques contra a Petrobrás e o Pré-Sal precisava ir além das mobilizações e ações políticas que os petroleiros vêm protagonizando.
Era preciso, também, uma reflexão crítica, de caráter mais técnica, buscando avaliar a eficiência das medidas adotadas, tanto pela gestão da estatal, quanto pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Assim surgiu o Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás (GEEP), formado por pesquisadores de diversas universidades renomadas do país, com uma trajetória sólida de pesquisa e formação nas áreas de economia industrial e política de óleo e gás, bem como de áreas afins, como geopolítica, ciências sociais e administração pública.
O importante trabalho que o GEEP vem realizando tem desconstruído as argumentações falaciosas que o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, tem utilizado para justificar a venda de ativos e os desinvestimentos que já comprometem o futuro da estatal. Como a FUP vem denunciando, essas medidas atendem a interesses privados de grupos que financiaram o golpe.
Tão grave quanto isto é o fato de Parente acumular o cargo de presidente do Conselho de Administração da BM&F Bovespa e ser sócio licenciado da Prada Consultoria, empresa de assessoria de investimento que é presidida por sua esposa e especializada em maximizar os lucros das famílias mais ricas do país. Esse conflito de interesses já foi, inclusive, denunciado pela FUP ao Ministério Público Federal.
Pedro Parente chegou a ser notificado para que se explicasse, mas recusou-se a responder aos questionamentos do MPF. Agora, ao ter seus interesses questionados por um artigo produzido por um dos pesquisadores do GEEP, ele resolveu processar criminalmente William Nozaki, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), cujos estudos têm sido focados nos diversos conflitos de interesses que cercam o setor petróleo no Brasil.
É importante lembrar que Parente foi alçado a presidente da Petrobrás por um governo golpista, assumiu afirmando que uma de suas prioridades era combater a corrupção, mas negou-se a prestar esclarecimentos sobre os conflitos de interesse que giram em torno dele. No entanto, quer criminalizar um pesquisador que investiga fatos que ele se recusa a explicar. “Mapear redes de relações e averiguar a existência de interesses cruzados entre a esfera pública e a iniciativa privada é um procedimento normal de diversas pesquisas nas áreas de ciência política e economia”, explica o professor William Nozaki.
Soa, portanto, como ameaça e intimidação o processo criminal que o presidente da Petrobrás move contra o pesquisador do GEEP. Parente visa atingir a FUP, entidade que ele já havia avisado que enfrentaria pela resistência que fazemos à sua política entreguista. Através dos estudos e pesquisas que William e demais integrantes do GEEP realizam, temos demonstrado que não há justificativas econômicas para os desinvestimentos e vendas de ativos. Está mais do que claro que o desmonte promovido pelos golpistas beneficia diretamente as multinacionais de petróleo e os países que querem tirar do Brasil o papel de destaque que vinha ocupando na geopolítica do setor.
Os petroleiros não se calarão e seguirão denunciando as relações perigosas que cercam as negociatas feitas por este governo ilegítimo, que colocou no comando da Petrobrás gestores que representam os interesses dos financiadores do golpe. A FUP manifesta publicamente irrestrita solidariedade ao professor William, reafirmando que não admitirá qualquer tentativa de censura ou intimidação ao trabalho do GEEP.
Federação Única dos Petroleiros