A representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, votou contra a venda das três usinas eólicas que a empresa detinha do Rio Grande do Norte e que tiveram a venda autorizada na última reunião do CA em 2020. Em seu site, ela explica porque votou contra a privatização
[Do site do mandatode Rosângela Buzanelli]
Em continuidade à sua vigorosa política de desinvestimento, a Petrobrás anunciou no começo deste ano a venda de três usinas eólicas do Rio Grande do Norte, a Mangue Seco 1, 3 e 4. A pauta foi debatida e aprovada na última reunião de 2020 do CA, em 16 de dezembro. Como conselheira, representante das trabalhadoras e dos trabalhadores da Petrobrás, eu votei contra essa venda. Considero que essa decisão vai na contramão da política de expansão da produção nacional de energia renovável e redução das emissões de carbono, cujo tema tem sido uma preocupação mundial.
O informe oficial da empresa sobre a negociação foi divulgado no dia 7 de janeiro deste ano. A Petrobrás argumentou, na nota, que “essa operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando à maximização de valor para os seus acionistas”. Uma justificativa bastante questionável.
Essa política adotada pela atual gestão da companhia traz em si equívocos e contradições óbvias. Equívocos, pois a “otimização do portifólio” tem significado privatizações camufladas, que em si já são questionáveis. Mas não apenas isso, vendas de ativos públicos lucrativos e estratégicos em nome da maximização de retorno ao acionista, num flagrante desvio da real função da empresa Estatal. E contradições, pois energias renováveis devem estar no radar e no planejamento de todas as companhias de petróleo. E, sim, estão incluídas no “Plano Estratégico” 2021-2025 da Petrobrás.
Conforme o que foi divulgado ao mercado, a estratégia aprovada pela Petrobrás para o período 21-25 traz no quesito Transição Energética “desenvolver pesquisas visando a atuação, em longo prazo, em negócios de Petroquímica e energia renovável com foco em eólica e solar no Brasil”, com o objetivo de, eventualmente, reposicionar a Petrobrás neste segmento no futuro. Além de ignorar o próprio plano, desnecessário aqui enfatizar que estar no negócio, seja ele qual for, é um dos movimentos essenciais para aquisição de known how e domínio da tecnologia. Portanto, mais uma vez, prevalece a visão imediatista em detrimento da estratégica.
Não é demais ressaltar que os estudos de demanda do Plano Nacional de Energia (PNE 2050), elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do Ministério de Minas e Energia (MME), aponta para os seguintes cenários*:
Ou seja, exatamente quando o país necessita de mais energia elétrica, especialmente de fonte limpa, na esteira de todo o esforço mundial para diminuição das emissões de carbono, a gestão da empresa, que em seu “Plano Estratégico” 21-25 estabelece investimentos em energia solar e eólica, aliena sua participação em usinas de produção de energia eólica. Parece contraditório, e é.
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O diretor da FUP e secretário-geral do SINDIPETRO-RN, Pedro Lúcio, concedeu entrevista para RN2 da Intertv, sobre a venda de 3, dos 4 parques de energia eólica que a Petrobrás tinha participação no município de Guamaré. A matéria foi ao ar na segunda-feira, 11, e relatou os impactos dessa ação para os trabalhadores e no plano de investimentos da Estatal.
Para o dirigente a venda das usinas eólicas representa a saída da Petrobrás do seguimento de energias sustentáveis no Rio Grande do Norte. “A Petrobras está deixando de atender os interesses estratégicos do país no desenvolvimento de novas energias, pra atender unicamente os interesses de mercado”.
Na oportunidade, Pedro também alerta sobre a diminuição drástica nos postos de trabalho na área de petróleo e gás no RN. “Há quatro anos eram treze mil terceirizados ligados à Petrobrás no Estado, e dois mil e seis seiscentos concursados. Hoje são três mil terceirizados e pouco mais de novecentos concursados”, informa o diretor.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi criada em 1994, fruto da evolução histórica do movimento sindical petroleiro no Brasil, desde a criação da Petrobrás, em 1953. É uma entidade autônoma, independente do Estado, dos patrões e dos partidos políticos e com forte inserção em suas bases.