IBGE aponta crescimento da renda e do emprego com carteira assinada

A renda média mensal dos trabalhadores cresceu 20%, entre 2004 e 2009…





Brasília Confidencial

A renda média mensal dos trabalhadores cresceu 20%, entre 2004 e 2009. E, apesar da retração provocada no mercado de trabalho brasileiro pela crise financeira internacional, de 2008 para 2009 aumentou o número de trabalhadores com carteira assinada. Esses são alguns dos principais dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada no ano passado e divulgada nesta quarta (8) pelo IBGE.

 A PNAD apurou também reduções importantes do trabalho infantil e do analfabetismo, assim como aumento no número de crianças matriculadas nas escolas.

 A pesquisa investigou quase 400.000 pessoas em 153.837 moradias sobre educação, trabalho, família, rendimento e outros itens. Leia, a seguir, as principais conclusões da PNAD 2009.

EMPREGO E RENDA

Mais salário

– O rendimento mensal de trabalho subiu 2,2%, entre 2008 e 2009. Passou de R$ 1.082 para R$ 1.111.

– O crescimento da renda ocorreu, sobretudo, no Norte (mais de 4%) e no Sul (3%).

A única região em que a renda média do trabalho diminuiu foi a Centro-Oeste.

– A PNAD identificou queda na desigualdade da distribuição de renda. Houve melhoras na distribuição de renda no Nordeste, no Sul e no Centro-Oeste.

Mais trabalhadores com carteira assinada

– A parcela de trabalhadores com carteira assinada cresceu de 58,8% da população economicamente ativa, em 2008, para 59,6%, em 2009.

– De um ano para outro, 483.000 trabalhadores conquistaram emprego formal. Tomado como referência o ano de 2004, segundo o IBGE, a parcela de trabalhadores com carteira assinada aumentou quase 27% até 2009.

– A região que mais contribuiu para a formalidade foi a Sudeste. Mais de 67% dos empregados na região tinham carteira assinada em 2009. No Norte, menos de 43%.

– O aumento da formalidade foi constatado em todas as atividades, excetuada as do grupamento agrícola, em que houve redução.

Menos crianças no trabalho

– O número de menores trabalhando continuou caindo. Eram 5,3 milhões, em 2004; 4,5 milhões, em 2008, e 4,3 milhões no ano passado. Significa que, entre 2004 e 2009, um milhão de pessoas na faixa etária de 5 a 17 anos saíram do trabalho.  

– No ano passado, 123.000 trabalhadores eram crianças de 5 a 9 anos de idade, enquanto 785.000 tinham de 10 a 13 anos e 3,3 milhões, de 14 a 17 anos.

– Os empreendimentos familiares, principalmente agrícolas, concentravam a maior parte das pessoas ocupadas com idade entre 5 e 13 anos. Quase 71% desse contingente não recebiam remuneração, ou se enquadravam como trabalhadores para o próprio consumo ou na construção para próprio uso.

Crise retraiu mercado

– A crise financeira internacional provocou, dentro do Brasil, o crescimento da taxa de desocupação. A parcela de pessoas sem trabalho cresceu de 7,1 milhões, em 2008, para 8,4 milhões, no ano passado.

– O crescimento da população desocupada afetou, especialmente, os mais jovens. Do total de pessoas sem trabalho em 2009, mais de 42% tinham entre 16 e 24 anos de idade.

– Nas regiões Nordeste e Sudeste o nível de desocupação chegou a quase 9%. O menor índice foi identificado na Região Sul (6%).

– O maior nível de ocupação (quase 62%) foi registrado no Sul; o pior (menos de 55%) no Nordeste.

– A população economicamente ativa era formada por 101,1 milhões de pessoas no ano passado. Desse total, 92,7 milhões trabalhavam e 8,4 milhões estavam procurando trabalho.

EDUCAÇÃO

Escolaridade dos trabalhadores

– Aumentou a parcela de trabalhadores com, pelo menos, o ensino médio completo. Eles formavam menos de 37% da população ocupada em 2004; passaram a ser 41,2% em 2008 e 43,1% em 2009.

– O grupo de trabalhadores com ensino superior completo também aumentou – de 8,1%, em 2004, para 11,1%, em 2009.

– No Sudeste, Sul e Centro-Oeste mais de 40% das pessoas ocupadas tinham, no ano passado, pelo menos o ensino médio completo.

Quase 80% na escola pública

– De 2004 para 2009, a parcela da população com curso superior completo aumentou de aproximadamente 8% para 10,6%, enquanto o contingente com nível médio completo cresceu de 18,4% para 23%.

– Dos 55,2 milhões de estudantes, mais de 78% frequentavam a rede pública. No Norte e no Nordeste o percentual supera a 80%.

– O ensino de nível superior é o único em que a maioria dos alunos (mais de 76%) é atendida pela rede privada.

– Entre os estudantes que frequentavam escola da rede pública em 2009, 54,7% estavam na esfera municipal, 42,9% na estadual e 2,4% na federal.

– As escolas municipais atendiam a maioria dos estudantes nas regiões Norte (55,5%) e Nordeste (67,3%).

Redução do analfabetismo

    Caiu a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais. Contudo, 14,1 milhões de pessoas dessa faixa etária eram analfabetas em 2009. O analfabetismo funcional também foi reduzido.

    De acordo com a PNAD, o Nordeste é a região onde o analfabetismo foi mais reduzido, entre 2004 e 2009, mas é também aquela onde a taxa de analfabetismo alcança quase o dobro da média nacional.

    Do total de brasileiros analfabetos, no ano passado, quase 93% tinham 25 anos ou mais de idade e formavam 12% de toda a população nacional nesta faixa etária. Entre as pessoas de 50 anos ou mais de idade, a taxa de analfabetismo era de 21%.

ACESSO A SERVIÇOS E BENS

Mais moradias servidas por saneamento

– De 2008 para 2009, mais 1,2 milhão de moradias passaram a ser atendidas por rede de abastecimento de água. 

– O número de domicílios servidos por rede de esgotos aumentou de 34,1 milhões para 34,6 milhões. Mas 24 milhões de famílias ainda moravam em casas que não estavam ligadas a redes de esgoto.

– Na Região Norte, só 13% das moradias são atendidas por rede coletora de esgotos.

– O serviço de coleta de lixo chegou a quase 89% das moradias, enquanto a rede de energia elétrica passou a atender quase 99% do total.

Telefonia celular quadruplicou em cinco anos

– De 2004 a 2009, os domicílios que tinham telefone passaram de 65,2% para 84,3% do total e o percentual das moradias que tinham somente telefone móvel celular aumentou quatro vezes, de 16,5% para 41,2%. Já o número de domicílios só com telefone fixo convencional caiu de 17,5% para 5,8% nesses cinco anos.

– Em 2009, 94 milhões de pessoas da população de 10 anos ou mais de idade (57,7%) declararam possuir telefone móvel celular para uso pessoal, correspondendo a um aumento de 8,7% em relação a 2008 (7,6 milhões de pessoas).

– As regiões Norte (49%) e Nordeste (45,4%), permaneceram as únicas onde menos da metade da população possuía telefone móvel celular para uso pessoal, enquanto o Centro-Oeste estava em primeiro lugar, com 68,5%.

– O percentual dos que tinham telefone móvel celular para uso pessoal foi maior entre as pessoas de 20 a 39 anos de idade, ultrapassando 70%.

Em um ano, mais 12 milhões acessaram a internet

– Em 2009, quase 68 milhões de pessoas declararam ter usado a Internet, o que representa um aumento de 12 milhões sobre 2008. Como em 2005 a Internet tinha menos de 32 milhões de usuários, o aumento no período foi superior a 112% e observado em todas as regiões. O Sudeste se manteve com o maior percentual de usuários (pouco menos de 50% em 2009). As regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais, mas registraram os maiores aumentos percentuais nos contingentes de usuários.

– O número de moradias com acesso à internet mais do que dobrou, de menos de oito milhões para 16 milhões.

– Entre 2005 e 2009, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet foi maior entre os jovens: mais de 71% das pessoas de 15 a 17 anos acessavam a rede em 2009; em seguida vieram as pessoas de 18 ou 19 anos (pouco menos de 69% de acessos). A faixa etária que menos utilizava a Internet era a de 50 anos ou mais: 15,2%, mas esse contingente de usuários cresceu 138% no período.

– As mulheres avançaram mais que os homens com relação ao acesso à Internet, especialmente nas faixas etárias de 30 a 39 anos (28,2% das mulheres contra 24,8% dos homens); de 40 a 49 anos (31,9% contra 21,8%); e no grupo de 50 anos ou mais de idade (46,1% contra 35,5%).