Trabalhadores da Bacia de Campos fizeram 24 horas de mobilizações por segurança

Na data em que os petroleiros da Bacia de Campos marcaram o Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes do Trabalho…





Sindipetro NF

Na data em que os petroleiros da Bacia de Campos marcaram o Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes do Trabalho, na terça, 27, com a realização da Operação “Chega de contar com a sorte!” em 16 plataformas e em Cabiúnas, dois funcionários da empresa Skanska, embarcados na P-47, foram atingidos por quatro chapas que cairam sobre eles. Um deles sofreu um corte na perna e outro na mão.

De acordo com informações obtidas pelo sindicato, o médico da Petrobrás,  em videoconferência com o enfermeiro de bordo, decidiu que não havia necessidade de desembarcar os trabalhadores.

Este exemplo tem algumas semelhanças com outros casos denunciados pelo NF. É como foi dito nas manifestações da terça-feira no heliporto do Farol de São Thomé e no aeroporto do Macaé, além de reforçado nas assembleias nas trocas de turno em Cabiúnas: na hora do acidente a empresa diz que não é nada demais, que não precisa de CAT ou de afastamento, e depois o trabalhador encontra dificuldades formais para reivindicar direitos.

Nas manifestações, o sindicato levou vítimas de acidentes para dar depoimentos aos petroleiros que embarcavam. Em todos os casos a história se repete, com as empresas buscando não assumir suas responsabilidades após os acidentes. O programa 15 Minutos do último dia 27, da Rádio NF, reuniu alguns dos testemunhos dos trabalhadores que se acidentaram (disponível em www.radionf.org.br).

 “Estamos aqui para mostrar que as pessoas acidentadas em plataformas existem, não é invenção de nossa cabeça”, disse o coordenador geral do NF, José Maria Rangel.

Na sexta, 23, o Sindipetro-NF ingressou na DRT com pedido de interdição da P-31 em razão de graves denúncias que a entidade reecebeu em relação às condições de segurança da unidade. Um documento  mostra que a coordenação da plataforma manteve um procedimento de monitoramento de um vazamento que, segundo relato dos trabalhadores, existia há pelo menos oito meses. No procedimento, os operadores são instruídos a sempre manterem por perto braçadeiras e belzone (epoxe) para conter vazamentos.

As vozes das vítimas do setor petróleo

“Trabalhava com uma mangueira que já tinha oito mil horas de uso, quando o máximo permitido é mil horas apenas. Tenho mais de seis cursos, entre eles de alpinista. Poderia estar ganhando mais de 10 mil reais por mês”
Vlaleivan Sawches, 34 anos, vítima de acidente na P-07 em 2006

“Um colega deixou cair um equipamento e eu tentei pegar. Fiquei com o peso todo. Me levaram para a enfermaria e me deram um remédio. Desembarquei todo torto. O médico da empresa disse que não era nada e passou um remédio. A empresa não deu a CAT, quem deu foi o sindicato. Acabei colocando oito parafusos na coluna. Há um ano e oito meses não recebo nada nem da empresa e nem do INSS. O INSS diz que estou apto para trabalhar e a empresa diz que não. ”
Dimas Francisco de Moraes, 44 anos, vítima de acidente em navio da Transocean em 2003

“Sofri um acidente em maio de 2009 e perdi a ponta do dedo. Desde então estou em casa. Estou sofrendo pelo acidente, principalmente pela minha família. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente”
Fabrício Costa Fonseca, 41, vítima de acidente na NS-21 em 2009

“Fiquei 20 dias no Hospital Público de Macaé. Cinco dias em coma e cinco dias na UTI. Depois passei por outros hospitais em Campos até fazer uma cirurgia para colocar uma haste na coluna. Tive rejeição e hoje estou em uma cadeira de rodas.”
Luiz Maurício Pereira de Medeiros, 44 anos, vítima de acidente na P-23 em 1997