Em quatro dias, acidentes na Petrobrás matam e ferem trabalhadores terceirizados

Quem será a próxima vitima?





Imprensa da FUP

Em um intervalo de quatro dias, dois acidentes com prestadores de serviço colocam mais uma vez em xeque as políticas de SMS e de terceirização da Petrobrás. Um trabalhador morto, três internados no CTI com politraumatismos e dois em estado grave, com queimaduras de primeiro e segundo graus. Todos eles terceirizados.

Este é o triste saldo, até o momento, dos acidentes na Rlam e na Estação Mantiqueira da Transpetro (ESMAN), ocorridos, respectivamente, nos dias 12 e 16 de março, e que foram destacados pela FUP nas reuniões das comissões de negociação permanente com a Petrobrás. A Federação exigiu um basta aos acidentes e insegurança diária que vivem os trabalhadores nas unidades da empresa e cobrou mudanças estruturais nas políticas de SMS e de terceirização, assim como a recomposição dos efetivos próprios.

 Vidas perdidas
O soldador Eli da Silva Melo ainda resistiu durante uma semana às queimaduras que atingiram 70% de seu corpo, mas faleceu na sexta-feira, 19/03, uma semana após o acidente sofrido na Rlam. Ele e outros dois trabalhadores da MIP Engenharia colocavam em funcionamento uma caldeira na unidade 83 da refinaria, quando foram atingidos por vapor de quase 400 graus e alta pressão, que escapou de uma tubulação.

Todos os três sofreram queimaduras graves. Eli faleceu e os outros dois trabalhadores continuam internados no município de Candeias, na Bahia. O sofrimento vivido por eles e suas famílias jamais será esquecido. Na Petrobrás, no entanto, Eli e seus dois companheiros, assim como todos os trabalhadores vítimas de acidentes e doenças ocupacionais, são meras estatísticas nos relatórios da empresa. Tragédias anunciadas, como a da P-36 (que completou nove anos no último dia 15), deveriam servir de ensinamento para os gestores da Petrobrás.  A insegurança, no entanto, continua.

 Lutando para viver
Na Zona da Mata mineira, outros seis trabalhadores viveram também o horror de um acidente que jamais será esquecido. Foi no dia 16, durante uma obra, na Estação Mantiqueira do gasoduto Gasbel II. Contratados pela ENGESA e JPTR, empresas que prestam serviço para a Transpetro, eles limpavam a tubulação, para iniciar testes no gasoduto, quando foram atingidos pelo PIG em alta pressão. Três trabalhadores estão internados em estado gravíssimo. Marcio Jorge Correa Vanderlei, de 44 anos, sofreu trauma abdominal, e Geraldo Camilo da Cruz, de 49 anos, teve traumatismos no crânio e no tórax.

Ambos passaram por cirurgia no dia 17 e continuam internados no CTI de um hospital em Juiz de Fora. José Almeida Barbosa, de 50 anos, está também internado em estado grave em uma unidade de tratamento intensivo, em Barbacena. Os outros três trabalhadores sofreram ferimentos leves e foram liberados.

Enquanto isso, o SMS…

Desde 2000, já ocorreram 171 mortes de trabalhadores em conseqüência de acidentes no Sistema Petrobrás, das quais 139 foram com terceirizados. Esses dois acidentes na Rlam e no Gasbel somam-se a uma série recente de situações de risco que têm exposto o caos da insegurança na Petrobrás, como panes, incêndios, vazamentos e falhas de equipamentos.

Ocorrências que evidenciam as precárias condições de segurança e manutenção em várias unidades da empresa. A Petrobrás, no entanto, continua agindo como se estivesse tudo na mais perfeita ordem. Na Comissão de SMS, no dia 15, a empresa chegou a afirmar que utiliza as mesmas práticas de segurança com os efetivos próprios e contratados e apresentou o balanço de 2009, com sete acidentes fatais, sendo seis com trabalhadores terceirizados.

Esses números, por si só, já revelam que o que o SMS prega e relata em seus documentos está longe do que ocorre no dia a dia nas unidades. Enquanto a empresa faz marketing, os trabalhadores perdem a vida.