MST mobiliza oito estados e DF pela Reforma Agrária .

A jornada de lutas do MST, que cobra do governo federal a realização da Reforma Agrária…

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A jornada de lutas do MST, que cobra do governo federal a realização da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos, mobilizou oito estados nesta quinta-feira (13/8), com a realização de manifestações em superintendências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em seis estados e em Brasília, além de marchas e protestos. Desde o começo da semana, o MST promoveu protestos em 14 estados e mantem ocupadas as sedes do Incra em Boa Vista (RR), Salvador (BA), Belém (PA), Natal (RN), Forrtaleza (CE) e Petrolina (PE), além de marchas e protestos.

O MST está fazendo nesta semana uma jornada de lutas, na qual exige o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra para este ano e aplicação na desapropriação e obtenção de terras, além de investimentos no passivo dos assentamentos. As ações também reivindicam a atualização dos índices de produtividade, intocados desde 1975, e investimentos para o fortalecimento dos assentamentos na áreas de habitação, infra-estrutura e produção agrícola. Parte significativa das famílias acampadas do MST está à beira de estradas desde 2003 e 45 mil famílias foram assentadas apenas no papel.

Na sexta-feira, mais de 20 entidades sindicais, populares e estudantis organizam atos em todo o país em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra as demissões, por conta da crise econômica mundial. Em São Paulo, a concentração para o protesto começa às 10h, na Praça Osvaldo Cruz. Em Brasília, os 3.000 trabalhadores rurais Sem Terra, que integram o Acampamento Nacional pela Reforma Agrária, fazem concentração às 9h, em frente à Torre de TV, para ato na Esplanada dos Ministérios.

Protestos

Nesta quinta-feira, 3000 trabalhadoras e trabalhadores do MST e da Via Campesina saíram em marcha pela manhã do estádio Mané Garrincha, em Brasília, até a sede do Incra Nacional, onde fizeram vigília em pressão pelo cumprimento das reivindicações apresentadas ao governo federal. No Distrito Federal, 400 trabalhadores Sem Terra ocupam a superintendência regional do Incra.

Em Recife, cerca de 2.000 trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra, que caminharam 70 km em uma marcha, ocuparam o Incra. Em Petrolina, 150 famílias do MST continuam com a ocupação da sede do Incra, no Sertão do Estado, para fortalecer as reivindicações em Brasília. Pela manhã, a comissão de negociação da marcha se reuniu com os secretários de Agricultura, Saúde e Cidades do governo do Estado, para efetivar os acordos fechados com o governador Eduardo Campos (PSB), em audiência realizada no dia 10 de agosto.
Em São Paulo, 200 Sem Terra ocuparam o prédio do Incra, abriram processo de negociação e saíram em torno das 16h. Além disso, cerca de 800 trabalhadores rurais saíram em marcha do Estádio do Pacaembu até o Palácio dos Bandeirantes, onde aconteceu um protesto. No período da tarde, o MST foi recebido por uma comissão do governo do Estado, formada pelo presidente da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Gustavo Ungaro, e com o secretário-adjunto da Casa Civil do Estado de São Paulo, Rubens Cury. "Não houve um processo de negociação, porque a Casa Civil do governo do Estado não tinha elementos para discutir. Apresentamos a nossa pauta, informamos a situação dos trabalhadores Sem Terra e marcamos uma nova reunião", disse Soraia Soriano, da coordenação nacional do MST.

Em Maceió, os agricultores ocuparam a superintendência do Incra) e a delegacia regional do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) em Maceió. No municípiode Atalaia, foi ocupado o Fórum de Justiça.

Em São Luís, 200 trabalhadores rurais do MST estão acampados em Frente ao Incra, no centro da cidade. Na sexta-feira, os manifestantes participam pela manhã de ato em defesa dos direitos do trabalhadores e contra a crise.

No Rio de Janeiro, 150 Sem Terra ocupam a superintendência do Incra e estão em processo de negociação sobre o fortalecimento dos assentamentos. Pela manhã, o movimento participou ao lado dos servidores estaduais, no Largo do Machado, em defesa dos serviços públicos.

Em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, cerca de 100 integrantes do MST desocuparam o escritório do Incra e se somaram aos 700 Sem Terra que ocuparam ontem a fazenda Southall. O MST denunciou ação truculenta e de tortura da Brigada Militar na ação de reintegração de posse da Prefeitura de São Gabriel (RS), ocorrida na quarta-feira à tarde. A violência e o uso, pelos governos, da polícia militar para reprimir protestos dos movimentos sociais já se tornou comum no Rio Grande do Sul.
 
No Mato Grosso do Sul, divididos em duas colunas, os 850 Sem Terra do Mato Grosso do Sul (MS) que marcham desde o dia domingo chegaram nesta quinta-feira em Campo Grande. Com o lema "Terra, Trabalho e Soberania", a VI Marcha Estadual do MS alerta sobre necessidade da Reforma Agrária. A Coluna Dorcelina Folador, que saiu de Nova Alvorada do Sul, está neste momento acampada no pátio do Estádio Morenão. Já a Coluna Geraldo Garcia, que iniciou marcha no acampamento Sete de Setembro, em Terenos, está acampada em uma área da Base Aérea de Campo Grande. Na sexta-feira, as colunas se deslocarão rumo ao centro da cidade.
O MST realizou uma série de audências para discutir o avanço da pauta da Reforma Agrária com os governos estaduais. No Rio Grande do Norte, o MST foi recebido em audiência com a governadora Wilma de Faria (PSB). No Belém, uma comissão de representantes dos 2.500 marchantes do MST fez reunião com o Governo do Pará. No Mato Grosso do Sul, os Sem Terra se reuniram com a secretaria estadual de Meio Ambiente, para discutir o desenvolvimento sustentável dos assentamentos o licenciamento ambiental.