Petroleiros e MST: trajetórias de lutas conjuntas em defesa da soberania nacional

A partir desta edição, o boletim Primeira Mão publicará semanalmente matérias e artigos…

Imprensa da FUP

A FUP publicará semanalmente neste portal matérias e artigos relacionados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Contaremos um pouco da história e das lutas desta organização social que é considerada uma das mais importantes da América Latina. Este espaço para informação e formação política sobre o MST será mantido durante o período que antecede à Primeira Plenária Nacional da FUP (Plenafup), que será realizada entre os dias 02 e 05 de julho, no Assentamento do Contestado, na cidade de Lapa, no Paraná.

O início, há 25 anos
A história do MST confunde-se com a trajetória dos petroleiros rumo à unificação nacional da categoria. O Primeiro Encontro Nacional dos Sem Terra ocorreu em janeiro de 1984, em Cascavel, no Paraná, em uma conjuntura política de lutas pelo fim da ditadura militar e redemocratização do país.  O encontro reuniu 80 trabalhado-res rurais, que organizavam na época ocupações de terra em 12 estados. Ficou latente a necessidade de organização nacional dos sem terra para intensificar a luta pela reforma agrária e um projeto nacional de desenvolvimento com justiça social. A ocupação foi apontada pelos trabalhadores rurais como ferramenta legítima e fundamental para a democra-tização da terra.

Nesta mesma época, as mobilizações operárias nas cidades refletiam o novo sindicalismo combativo que se consolidava através da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Os trabalhadores do Sistema Petrobrás também começavam a construir sua unidade nacional.

Combater o neoliberalismo
Entre 1986 e 1988, durante a Assembléia Nacional Constituinte (que alterou a Constituição brasileira), os petroleiros e o MST realizaram lutas conjuntas em Brasília para garantir a reforma agrária, a manutenção do monopólio estatal do petróleo e a jornada de 6 horas nos turnos de revezamento. O apoio e solidariedade dos trabalhadores rurais foram novamente fundamentais nas mobilizações contra a reforma constitucional, no início dos anos 90. O MST e o então Comando Nacional dos Petroleiros (organização que antecedeu a FUP) chegaram a ocupar o Salão Verde da Câmara dos Deputados Federais para impedir a quebra do monopólio e as privatizações.

Durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB/PFL-atual DEM), o Brasil sofreu com o aprofundamento do modelo neoliberal, que ampliou a desigualdade social, criando bolsões de miséria pelo país afora. A concentração de terras aumentou, expulsando os trabalhadores rurais para as cidades, onde o desemprego crescia, empresas públicas eram privatizadas, a classe operária perdia direitos e a especulação financeira asfixiava a produção.

Os petroleiros e o MST enfrentaram com greves e ocupações a política neoliberal de FHC. A luta pela soberania nacional, contra os leilões de petróleo e em defesa da reforma agrária continuou ao longo do governo Lula e intensificou-se nos últimos anos, através da campanha para garantir o controle estatal e social das reservas brasileiras de petróleo e gás.

Lutas de classe
Nestes 25 anos de existência, o MST está presente em 24 estados do país, organizando os trabalhadores rurais. Atualmente, o movimento conta com 130 mil famílias acampadas e outras 370 mil assentadas. A identidade de classe que une os trabalhadores do campo aos trabalhadores da cidade é que impulsiona a luta pela construção de um país com justiça social, onde a terra e os recursos naturais e energéticos sejam utilizados em benefício da população. Daí, a importância política da Primeira Plenária Nacional da FUP (Plenafup) ser realizada em um assentamento do MST, consolidando, assim, a união dos petroleiros com os trabalhadores rurais na luta pela soberania nacional.